Jequié: Retrocesso Público e Político

Joilson BergherJoilson Bergher
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Segundo dados, Jequié é a 9ª cidade baiana em população, aponta IBGE, com população estimada em 162 mil habitantes. Entretanto, essa cidade situada na Mesorregião do Centro-Sul, distante 365 km de Salvador, vive dias de agonia diante de tantas carências intramuros. A cidade está sitiada numa administração acéfala e distante daqueles que a partir de um discurso ‘fácil’: ‘vamos melhorar a educação, o trânsito, o desemprego, a fome, a miséria, a carga tributária, segurança e tantas outras politicas ditas sociais’,- se deixaram enganar, para enfim, depositar na candidatura legitimamente eleita, Tânia Brito, 58.595 votos, representando 74,53% dos votos válidos, (Blog – Informe Ipiaú, acessado em 11 de fevereiro, 2014). Hoje a cidade está perplexa com o comportamento da prefeita enquanto gestora. A impressão que se tem é que a mesma após um 01 ano e 01 mês a frente dessa prefeitura ainda não se deu conta que é prefeita dessa cidade que tem história de resistência e já foi governados por gestores que de fato, honraram a política feita em Jequié.

Tal comportamento de total desprezo e ausência administrativa se reflete no total abandono extremo em setores essenciais à sua população: saúde na UTI, literalmente. Em Jequié clínicas de saúde estão fechando as suas portas…PA’s fehados. Na educação municipal há uma grita incessante do Sindicato e dos profissionais de educação em denunciar que as unidades escolares não tem profissionais de apoio: falta pessoal para realizar a limpeza, não tem merendeiras nas escolas, os alunos sofrendo pela falta de merenda decente, sem falar na falta de professores em várias escolas, bairros populares abandonados e sem serviço de pavimentação, água ou energia elétrica, servidores do município desmotivados. A fala de sempre: “Jequié Não tem dinheiro, precisamos ajustar as finanças”. Pergunto: O São João e suas grandes atrações será garantido? Diante de tantas e variadas carências intramuros – o que a prefeita de Jequié deveria fazer? Agir como se fosse a Rainha déspota absolutista? Como dar um basta nesse vácuo político que se transformou Jequié? Caros, utilizem a ferramenta que é a internet, logo pela manhã, e ouça alguns programas jornalistico de rádio de Jequié e atestem o que a cidade nesse momento vive. O sentimento é de abandono, literalmente. Eu pago impostos, aliás, logo, logo, os moradores receberão os impávidos carnês de IPTU, e terei como cidadão cumprir a obrigação de pagá-lo religiosamente em dia, mas a prefeita e seus secretários não fazem o dever de casa. Será que a intelligentsia de Jequié está em crise? O cenário em Jequié, me parece, é de conformismo e passividade. Nessa cidade não temos nenhum político de projeção estadual ou nacional, nenhum planejamento urbano, ou uma oposição propositiva que cumpra o seu papel, (há exceções), que se respeite, que saia do parlamento e venha pro piso da rua dialogar. Cadê a vanguarda artística ou produtores culturais, ausentes? Os sindicatos ora tão cambativos, cadê? E os empresários privados que até ontem projetaram campanhas locais e estaduais, estão com receio de que mesmo? E a UESB, campus de Jequié, a sua intelligentsia, para além da luta pela UNERC, não se posiciona? Prefere a zona de conforto, é isso mesmo? É isso: No III Milênio, assistimos em todo o mundo o esgotamento do modelo de estado-nacional consolidado no Século XIX. Em Jequié, tal crise de modelo se dá da forma mais perversa possível. A que se deve isso? Não tenho duvida alguma: são resquícios de uma ditadura feroz desumana, destruiu sonhos, eliminou jovens, atravancou o país com o Estado perdendo o controle sobre o seu próprio crescimento, sendo incapaz de se autolimitar. Está aí a história, a minha aliada, para comprovar a quem serve a política dita ‘patrimonialista’. É curioso: participei na Câmara Municipal, em Jequié, de evento onde se discutia a privatização do “Espaço Público”, a partir do loteamento do que se conhece como Zona Azul, a prefeita, ora, ora, a prefeita no ato de seu pronunciamento (?) se referiu ao Vice-Prefeito de Jequié, o Senhor Sérgio da Gameleira, por sinal, Vice do Partido dos Trabalhadores, como um grande colaborador! Constrangedor. O Vice Prefeito sequer, tem Gabinete na prefeitura de Jequié. Será que o mesmo de forma estratégica, afim de não incomodar as ações da senhora prefeita, foi afastado, colocado bem distante, a disposição em um dos andares do prédio do Banco do Brasil, centro da cidade? A sede da prefeitura, fica no bairro do Jequiezinho. No mínimo, esse cidadão, deveria ser Secretário de Governo, para por exemplo, discutir Mobilidade urbana em Jequié, um gargalo e problema grave na cidade. Aliás, num debate acontecido numa rádio de Jequié, o vice prefeito se mostrou extremamente eficaz nesse debate sobre mobilidade urbana, deve ter estudado sobre tal tema, entretanto, o mesmo não serve para participar dos debates desenvolvimentista de Jequié, pelo menos é o que transparece a nós, cidadãos comuns. O fato é que há um desalento, diria, um descalabro administrativo em Jequié. O prefeito anterior e sua desastrada administração é tida hoje como exemplo do paraíso ou coisa como ‘éramos felizes e não sabíamos’, só que, foi defenestrado sem direito inclusive a reeleição dado ao seu alto grau de rejeição política…a prefeita, essa, goza também de muita impopularidade, mas impopularidade mesmo, acredito que houve a ‘inversão’ na aceitação eleitoral em torno da prefeita e todo o seu staff administrativo. Caminha pra ser prefeita de um mandato só! Outra pergunta: Quem será o mentor intelectual ou metafísico da prefeita? Prefeita, a ditadura, na Bahia teve um caráter ideológico e personalista, destruiu pessoas, se hegemonizou no poder econômico e social. Jovens de esquerda foram perseguidos, torturados, mudaram para outros Estados e países. Prefeita, lembre-se que o seu desabamento brusco nas avaliações de seu governo municipal, reflete exatamente a queda nos índices de confiança nas instituições públicas e sociais. Abra o olho prefeita, as manifestações de rua e a má qualidade dos serviços públicos, são sintomas dessa crise de governança. No plano federal, a desarticulação do governo com sua base de apoio, o seu desencontro com os movimentos sociais e com os agentes econômicos potencializa os impactos da crise internacional na economia brasileira, complementam esse quadro de um governo que não consegue operar com acuidade e competência a ação política e administrativa com vistas a produzir resultados satisfatórios. Quanto ao Partido dos Trabalhadores de Jequié, esse precisa se repactuar com a sua militância, seus três vereadores, com o seu Vice prefeito, os seus dois secretários no governo municipal, sob pena de ser responsabilizado pela debaclé política administrativo de uma administração que conseguiu em apenas 01 ano e 01 mês atrasar Jequié em 50 anos. O que era ruim, tornou-se trágico. Estaria o Partido dos Trabalhadores de Jequié, submisso, envergonhado, desmoralizado, desqualificado a tal ponto de não ter capacidade política, coragem e o respeito suficiente para apresentar a essa cidade e região Candidatos a deputado Estadual e Federal? É apenas um questionamento! Em defesa de uma alternativa ao que está estabelecido em Jequié ao longo de quase 120 anos de emancipação política, não posso conceber que essa ou aquela ideologia desse ou daquele grupo, em particular, momentaneamente, se instale no poder, para enfim, poder se prevalecer sobre os interesses da maioria dos cidadão dessa cidade de Jequié!
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Joilson Bergher, Jequieense, Professor de História/UESB, Especialista em Metodologia do Conhecimento Superior/UESB, Pesquisador Independente do Negro no Brasil, Graduando em Filosofia / UESB – Vit. da Conquista, Bahia.


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