Jorge Maia
O divórcio pressupõe o casamento. Enquanto para casar temos os cursos preparatórios, o que eu não compreendo bem, embora tenha participado de alguns deles, relatado a minha experiência e tentando ensinar algo, compreendi, depois, que não é possível ensinar alguém como se comportar durante a convivência dos cônjuges.
É possível ensinar alguém a fazer algo, a construir um foguete para ir a Marte, ou atravessar a via láctea.Não é possível ensinar alguém o que é o casamento, se não casando-o, então, ele saberá. Ao contrário do casamento, não há curso para ensinar a divorciar, quando deveria haver palestras, assistência psicológica, ou até mesmo psiquiátrica. Aliás está última deveria existir antes do casamento.
Um autor espírita sugeriu em um dos seus escritos que o divorcio deveria ser uma festa em que marido e mulher daria satisfação aos amigos, informando que estão se divorciando, isso de forma civilizada e sem a guerra comum existente em tais processos. É certo. Deveria ser uma festa de descasamento, com champanhe e bolo, em que feliz, o casal se despediria, e todos desejariam feliz separação para sempre.
Parece que estamos longe disso. As provocações, os destemperos, a falta de educação e a disputa por não pagar pensões, ou receber pensões, mais ou menos patrimônio, cada um puxando vantagens para o seu lado. Enquanto isso, Juiz, advogados, escrivão, oficial de justiça, auxiliar de cartório e testemunhas, todos, repito, todos, passam saber da sua vida, enfim, tudo da sua vida. Enquanto isso, o patrimônio degringola, você não dorme e pergunta ao seu advogado quando é que isso acaba? e repete, eu não aguento mais.
Assisti, com pesar, a perda de classe de casais, que não mediram esforços em denegrir a imagem reciprocamente, além de casos em que querem fazer do seu advogado um instrumento de vingança contra o outro. Não podemos permitir tal coisa.
Recordo-me de duas situações em especial, quando fui advogado do marido, e ele, em sua sanha vingativa, disse para mim: Dr. “bote p’ra quebrar naquela vaca”, confesso que a proposta pareceu-me tentadora, só então entendi o que ele estava a dizer, mas evitei maiores comentários e disse apenas que ele deveria respeitar aquela mulher que era a mãe dos seus filhos. Em outra ocasião., agora advogado da mulher, ela, demonstrando toda a sua ira, disse: Dr. ” arrase com aquele corno”. Fiquei meio sem graça com aquela recomendação e rebati dizendo, minha senhora, por favor, é o pai dos seus filhos, ao que ela respondeu: não é não Dr.
Enfim, falta aos casais um pouco de educação que possa dar respaldo a esse rito de passagem que é o descasamento. Quem sabe, um pouco de respeito a si mesmo, ao outro, e em especial aos filhos, para que o rito seja mais tranquilo, menos oneroso e com menos publicidade, com a preservação da privacidade que todos desejam. VC150214