Jeremias Macário
São tantos os absurdos que acontecem no dia-a-dia em nosso país, na Bahia e em nossa própria cidade onde vivemos que fica difícil priorizar uma pauta de discussão. Aí resolvi fazer uma mistura, como dos caras-de-pau que aparecem no programa eleitoral, tipo Renan Calheiros, falando de escolhas com aquela risada irônica e sádica de quem nem está aí para a opinião pública. Outro é o Carlos Lupi, aquele dos “beijinhos de amor” para a presidente. O velho Leonel Brizola, fundador do PDT, deve estar se revirando lá no túmulo.
E por falar em Carlos Lupi, o Ministério do Trabalho, do qual ele foi obrigado a deixar acusado de irregularidades e fraudes em convênios e licitações, continua o mesmo com seu indicado Manoel Dias. Estouraram mais denúncias de criação de empregos fantasmas junto a entidades conveniadas ao Ministério. O carnaval abafou a informação divulgada num canto de página de jornal. Se o brasileiro não se indigna mais com a corrupção, imagina nesta época do ano.
E por falar em carnaval, Salvador mais uma vez se esbaldou no lixo cultural das canções com letras de duplo sentido. Foi um desfile e tanto de talentos de coxas e de músculos bombados e siliconados. O antropólogo Roberto Albergaria escreveu que o povo de Salvado virou um mero público de expectadores acomodados e apatetados. Viva a macaquice do “tira o pé do chão e bate as mãos”! Não é mais festa do povo. É uma festa para turista ver.
Não vou perder tempo falando dessas músicas bregueiras, mas, enquanto o governo, com nosso dinheiro, gasta milhões num carnaval de uma semana (mais um grande absurdo), Salvador tem o maior índice de desemprego entre as capitais do Brasil. Na Bahia (população de mais de 13 milhões) 43% estão cadastrados no Bolsa Família, ou 1,8 milhão de famílias(6,5 milhões de pessoas). É o estado com o maior número de inscritos no programa e os dados ainda são utilizados como referência de ação política positiva.
Dia desses li de um economista que os filhos dos beneficiados pelo Bolsa Família na educação vão mudar o cenário do país. Isso é porque ele desconhece a verdadeira realidade de ensino das escolas municipais, principalmente na zona rural, onde os meninos e meninas dizem que só frequentam a sala de aula porque os pais obrigam, temendo perder o benefício. Não existem estímulos e a estrutura física é precária na maior parte das unidades.
A grande maioria não ingressa no ensino médio, e quem chega até lá não sai preparado para o mercado. Não dá para tapar o sol com uma peneira. Os governantes acham que todos nós somos burros, mas a desinformação e a dependência são peças chaves para manter o poder dos políticos. O passado vai ser sempre o culpado pelas mazelas de hoje, alimentando o sonho de um país do futuro. Com este sistema eleitoral corrupto, fica-se cada vez mais distante desse sonho.
Dessa vez fiz uma pirâmide invertida para comentar um pouco sobre o trânsito Vitória da Conquista, que já foi conhecida como a cidade do frio e das flores. Agora está se transformando na cidade dos quebra-molas. Basta um acidente de um motorista irresponsável em qualquer rua para os moradores clamarem por quebra-mola. Aí no outro dia lá estão os prepostos da prefeitura instalando mais um elevado de cimento. É bom lembra que já temos o maior quebra-mola do mundo.
Não sou especialista em trânsito, nem tampouco os moradores, mas a tecnologia moderna tem outros meios, como câmaras e fotossensores, para disciplinar os imprudentes, sem contar as sinalizações que já estão lá nas transversais das ruas e avenidas. Se já existe o sinal de “pare” e de “contramão”, não é incoerência montar um quebra-mola no local?
Pelo andar da carroça, Conquista vai ficar intransitável com tantos quebra-molas, sem contar os prejuízos causados nas embreagens, câmbios e suspensões dos veículos. Os mecânicos devem estar gostando disso. Mesmo com a demora, o sistema binário nas avenidas Brumado, Maranhão e Pará foi uma evolução, mas quebra-mola é atraso. O próprio nome já diz tudo.
Tudo desemboca na falta de educação do brasileiro em geral, mas enquanto isso não chega, o poder público tem que reforçar a fiscalização, inclusive com o emprego de tecnologias avançadas. O que vemos hoje no trânsito de Conquista é dar medo. Cada um estufa no peito seu individualismo e faz o que bem quer, especialmente os motoqueiros que cortam; costuram de todos os lados e são os que mais invadem sinais.