Conquista: Especialista diz que problemas envolvendo adolescentes é um retrato nacional

São inúmeros os atos infracionais envolvendo adolescentes em Vitória da Conquista. Para uns uma Casa do Acolhimento do Menor seria a solução, tendo em vista que a falta deste equipamento impossibilita o cumprimento da pena e as infrações voltam a acontecer logo em seguida de suas apreensões. Em entrevista ao Blog do Anderson, nesta terça-feira (11), o advogado Michael Farias, coordenador do Núcleo de Defesa da Criança e do Adolescente da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, disse que “a realidade de Conquista, hoje, é um retrato nacional”. “A maior parte das crianças e adolescentes que estão envolvidas em autoria de atos infracionais, ocorre dado a diversos fatores. Primeiro, a questão da família que não vem dando o acompanhamento devido aos seus filhos. O segundo fato é que muitas crianças e adolescentes que estão envolvidas nesse contexto estão fora da escola e isso é um fator negativo. Por outro lado, nós temos percebido um número crescente de crianças e adolescentes em situação de rua e isso os vulnerabiliza e os coloca em contato com pessoas que obviamente pegam esse público e leva para o mundo da criminalidade. Esses são fatores que têm influenciado de forma decisiva”, disse Michael, destacando que “por outro ângulo, nós temos uma rede de proteção que ainda não tem funcionado da maneira intersetorial adequada. Os órgãos precisam dialogar mais e eu acho que as políticas públicas voltadas para esse público, precisam, necessariamente, estar sendo melhor interconectadas. Não tem como a gente falar que os órgãos devem atuar de maneira isolada, eles precisam sentar, conversar e encontrar alternativas e soluções para problemas complexos de maneira compartilhada e eu acho que esse é um desafio que a gente tem aqui em Vitória da Conquista”.

Ainda de acordo com o advogado, “por outro ângulo, eu acredito que a criação do centro integrado de proteção à criança e do adolescente vai ser um fator positivo, porque os órgãos estarão mais próximos e a partir daí, se abrem as possibilidades de construir um diálogo permanente. Eu acredito que é um caminho que pode nos trazer soluções, nós temos também dois grandes desafios: que um é a estruturação das unidades de internação provisória e de internação, que são coisas distintas; e também das delegacias especializadas. Uma para apurar os crimes contra crianças e adolescentes e outra para apurar autoria de ato infracional praticado por adolescente”. “Eu acho que essas demandas estão presentes, são urgentes, a sociedade conquistense precisa discutir esse problema relacionado com o crescimento dos índices de adolescentes envolvidos em ato infracional de uma maneira mais séria, de uma maneira mais, acima de tudo, técnica, também, sem amadorismo, e acredito que a solução dos problemas envolvem tanto o engajamento da sociedade, como também do poder público. Quando nós falamos poder público, envolve tanto ações concretas por parte da Prefeitura Municipal, como também, por parte do Governo do Estado em assumir as responsabilidades relacionadas com todo o sistema socioeducativo, que envolve o cumprimento das medidas socioeducativas, como também aquelas políticas preventivas, relacionadas com esse tema”, completou.