Jeremias Macário
Calçadas quebradas cheias de carros são sinais de atraso e redução dos negócios na economia de uma cidade, assim como trânsito infernal onde cada um faz o que quer. Prega-se a valorização do pedestre e do transporte público com ruas onde o trafego flua, mas, na prática, não é isso que se vê. Nos tempos atuais, todos defendem o meio ambiente, mas a grande maioria joga papel e lixo em qualquer lugar.
O quadro é geral nas maiores cidades brasileiras, mas falo especificamente de Vitória da Conquista onde comerciantes fazem manifestações porque o poder executivo instalou um sistema binário com ciclovias, eliminando o estacionamento de veículos nas faixas das avenidas. Por falar em ciclovias, elas ainda são pouco utilizadas em Conquista. Deve ser a cultura aventureira de sempre pedalar entre os automóveis. É como pedir passarelas e depois passar por debaixo delas.
Florença (Itália), Paris (França), Nova York (EUA) e Vancouver (Canadá) são as melhores cidades do mundo para se caminhar. Na América do Sul temos Lima (Peru). Bogotá (Colômbia), Santiago (Chile) e Buenos Aires (Argentina). Especialistas constataram que manter qualidade dos passeios públicos é investir na economia. Os bairros mais transitáveis possuem uma renda mais ativa.
Para o ex-prefeito de Bogotá, a concentração comercial em shopping centers é decorrência de mobilidade urbana comprometida. Optamos aqui pelo atraso quando se protesta contra a retirada de veículos das avenidas, de modo a propiciar uma melhor mobilidade urbana.
Não me digam por aí que todo mundo tem o maior prazer de caminhar pelo sujo e poluído Terminal da Lauro de Freitas! Não adianta mais gastar dinheiro com reformas naquele apertado que mais parece curral de ônibus. Repito mais uma vez que Conquista necessita de projetos arrojados, do tamanho da cidade, no sentido de atender a grande demanda. Não é a implantação da Zona Azul que vai resolver o problema do trânsito de Conquista.
As enormes filas nos cartórios civis, com cobranças exorbitantes dos serviços, é outro caso gravíssimo em nossa cidade. A sociedade e a Justiça precisam tomar uma urgente providência contra esse abuso. Depois da propalada privatização desses estabelecimentos, ninguém mais tocou no assunto, inclusive a mídia que tem a obrigação de estar atenta a estas aberrações que cada vez mais escravizam nosso povo.
Quando da privatização, disseram que era para melhorar a qualidade dos serviços. Aconteceu o contrário, como quase tudo neste nosso “bendito Brasil”. Os preços para reconhecer uma firma ou tirar um documento duplicaram, bem como as filas de espera. Ouvi gente dizer que se trata de um caso de polícia. É um caso extremo de comodismo e falta de indignação.
Por fim, peço licença para expressar minha revolta contra atos de estupidez da polícia militar, fatos estes que se banalizaram ao longo do tempo, sem punição. O mais recente aconteceu no Rio de Janeiro onde uma mulher foi baleada. Jogada quase morta no porta-malas da viatura, seu corpo foi arrastado por vários metros no asfalto depois que a porta se abriu.
A primeira versão da corporação foi de que o banco traseiro do carro estava ocupado com armas. A segunda foi de que a rua era tão estreita que não deu para abrir as portas. Aprenderam muito bem a lição de nos fazer de burros e idiotas, mas tolerância tem limite. O pedreiro Amarildo foi torturado até a morte. Aqui, em nosso meio, desapareceram com o corpo do menino Maicon depois de ter sido vítima de uma operação desastrada da polícia.
Hoje a corrupção e a podridão estão generalizadas em todos os segmentos da sociedade, inclusive na polícia militar que é mais uma das heranças malditas da ditadura. Aliás, a polícia militar como agente de repressão nas ruas surgiu depois do golpe que está completando 50 anos. É preciso fazer uma reforma, mas passa anos e ninguém faz.
A polícia invade uma universidade em Santa Catarina porque flagrou alguns estudantes portando maconha, enquanto cidadãos são assaltados e mortos nas ruas. Um delegado da Federal disse que temos universidades de maconheiros. O ministro da Justiça garantiu proteção aos turistas, com total segurança durante a Copa. É a segurança só para turista ver, porque depois continua a mesma matança.
Em Brasília, um deputado condenado à prisão, nem chega a ser preso. A Justiça pune diretorias de clubes de futebol por prática de racismo. Só queria entender como controlar torcedores enfurecidos e irracionais que proferem palavras racistas contra jogadores adversários! É a forma mais simples e hipócrita que o sistema desacreditado tem para disfarçar sua incompetência e estupidez. E continuam nos enganando e nos fazendo de otários.
Uma Resposta para “Trânsito, cartórios e estupidez”
Eliane
Disse tudo! Parabéns!