Magnólia e Beleza Americana

Jorge Maia

Eu sempre senti uma certa desconfiança com a mensagem contida na cédula do dinheiro americano: em Deus  nós confiamos. Como é possível  um povo tão religioso misturar dois  significados tão diferentes: Deus e César estão no mesmo pacote. Estranho, mas é assim. Um povo que possui bom desenvolvimento e  qualidade de vida, despontam como sendo um povo tolo. Seu crescimento deve-se mais ao cérebros que alugam  ou compram pelo mundo fora.

Outra contradição é que Hollywood a maior central de cultura do cinema e que cometeu o crime de desancar o cinema europeu, manipula aquela sociedade, mas a contradição reside no fato de, vez por outra, produzir obras magníficas as quais denunciam aquela desgraça chamada “amercian way of life” baseado no sucesso individual a qualquer custo, contanto que leve a pessoa a ser um consumidor  de primeira grandeza, mesmo que ao seu lado viceje a miséria e a desigualdade.

Em Magnólia e Beleza Americana verificamos a denúncia sobre estas questões e nos defrontamos com duas obras  grandiosas, em que imagens, som e fotografia deslumbram, além de possuir argumentos  que nos remetem a uma reflexão  daquele modo de vida.

Não resisti e revi a ambos os filmes. Confesso uma certa esperança de reavaliação  daquela sociedade, pois há vida inteligente em Hollywood capaz de influenciar , em especial ao jovens, em que depositamos esperança  para a construção de um mundo melhor em que Deus não precisa estar vinculado a uma mensagem monetária.

Nos dois filme, podemos observar que, esperança, vida, morte, arrependimento e perdão se cruzam de forma permanente, como um anúncio de um apocalipse que pode ser evitado. As duas obras apontam que a simplicidade  e a humanização da existência são caminhos  que podem ser percorridos sem tropeços e que a vida pode ser bela.

Precisamos informar aos políticos que as coisas boas são possíveis, como acontece nos filmes que tem um final feliz. Os políticos não têm o direito de submeter o povo ao delírio das decisões forjadas em gabinetes, sem ouvir as vozes das ruas, como se fossem donos da verdade. A reflexão se faz necessária. Não queremos uma sociedade que pague o preço dos personagens de Magnólia e Beleza  Americana. VC170514