Polícia e ladrão: de que lado você está?

DSC_0111

Alexsandro de Oliveira e Silva

Há vinte anos ingressei na Polícia Militar, passei a viver aquela rotina, hoje estou na direção de uma Unidade Prisional, agora observo a rotina dos presos. Neste texto pretendo demonstrar as diferenças entre este antagonismo. Quando o cidadão ingressa na corporação faz um juramento em que promete regular a conduta pelos preceitos da moral e dedicar à segurança da sociedade mesmo com o risco da própria vida. Quando o ladrão é batizado no crime pelas facções criminosas ele promete lealdade, respeito e solidariedade aos “irmãos”, aquele que estiver em liberdade, mas esquecer de contribuir com os “irmãos” que estão na cadeia, serão condenados à morte sem perdão, prometem também travar uma guerra sem trégua, sem fronteira, até a vitória final.

Quando o policial aborda um cidadão, diz as seguintes frases: “ Cidadão encoste na parede, coloque os braços para cima e abra as pernas”, após a abordagem, “Muito obrigado, desculpem o transtorno, a polícia está a disposição de todos vocês.”

Quando um ladrão aborda um cidadão, diz as seguintes frases:” Perdeu, perdeu otário, cadê o dinheiro, manda essa criança calar a boca senão eu estouro os miolos dele, vai maluco quer tomar um pipoco?”, no final atira no cidadão e diz: “Dei um pipoco mermo, não me arrependo de nada, me arrependo do que não fiz, é meu oitão mermo, se não tivesse armado  eu matava no dente”.

Quando a central de polícia entra em contato com a viatura: “ Central a viatura tal, desloque até o centro, verifique um veículo suspeito próximo ao Banco do Brasil, brevidade e cautela na abordagem”.

Quando os líderes do crime comunica com seus “soldados”: “E aí pivete, é nois, a caminhada é o seguinte: tamo aí no salve geral, é pra descer todo mundo, vai escancarar, manda todo mundo pra vala, quem cruzar na frente atropela geral…”.

Ladrão quando mata polícia: “Somente nesta quinta-feira, dois PMs foram assassinados na zona leste da capital paulista e outro policial foi baleado.” FONTE: WWW. NOTICIAS.R7.COM/CIDADE –ALERTA, ou seja, uma pequena nota é publicada, e ninguém se importa.

Polícia quando mata ladrão: Policiais são condenados a 968 anos de prisão por massacre do Carandiru. Fonte:www1.folhauol.com.br, além da repercussão internacional.

E para finalizar, segue uma estrofe da letra da música numa cidade muito longe daqui de Marcelo D2.

Existem homens maus sem alma e sem coração. Existem homens da lei com determinação. Mas o momento é de caos, porque a população na brincadeira sinistra de polícia e ladrão, não sabe ao certo quem é herói ou vilão.

Essa é a nossa realidade, o nosso dia-a-dia, será que vai mudar?

Alexsandro de Oliveira e Silva – Diretor do Presídio Nilton Gonçalves


14 Respostas para “Polícia e ladrão: de que lado você está?”

  1. Edson

    Prezado Alexsandro
    Gostaria de observar que o seu artigo está bem produzido, porém, não há como comparar a atitude de alguns cidadãos taxados de “bandidos” com a obrigação e dever do ente estatal, uma vez que, as forças policiais, sejam elas militares, civis ou federais, ou as próprias forças armadas, quando convocadas para fazer as vezes das supracitadas entidades, não podem agir como leigos e despreparados, tendo em vista que, as referidas forças policiais são preparadas para manusear armas, para realização de abordagens, entre outras obrigações legais. Em suma, a entidade policial é o Estado em ação, sendo um Estado Democrático, tem, a mesma, que zelar por preceitos de Tratados de Direitos Humanos, bem como, zelar de forma responsável pela segurança pública, não podendo agir como o cidadão comum. Se a Polícia agir como os taxados de “bandidos”, não poderá mais ser chamada de Polícia e sim de grupo de extermínio, o que não é o caso. Por isso, com todo respeito, discordo da comparação feita em seu texto, pois, os objetos em análise são diferentes e ocupam lugares distintos. A comparação só pode ser feita quando os objetos de estudo postos a analise estão no mesmo patamar e apresentam similitudes. A Polícia (ente estatal) não está no mesmo patamar do cidadão taxado de “bandido”.

  2. Rildo Guilherme Júnior

    Se os direitos humanos ler vai escolher os criminosos.

  3. Luiz

    Bandido bom, e bandido morto!
    Devemos sim, valorizar nossos bravos policiais.

  4. lazaro pecanha

    è isso ae. sandro…. Pau na mulera da Vagabundagem…..

  5. alguem

    Sr. Edson o seu comentario seria pertinente se comparacemos os agentes do Estado na suas atribuicoes como se maquinas fossem, no entanto o que se ve, e que enquanto brincamos de discurcoes juridicas que se tornam pertinentes no mundo do direito,os bandidos estao agindo no mundo da violencia e da repressao, fazendo com oque a sociedade o proteja e este lhe imponha o toque de recolher e principalmente tira de nos o direito da propriedade, de ir e vir e o direito a vida, nao estou agindo com o senso comum, mas tendo uma ideia nova do mundo fatico, ja que so vemos a violencia quando ela nos bate a porta eu lhe asseguro quando um bandido lhe aborda nao sabemos se viveremos para contar a historia, no contexto atual, eu um simples cidadao com opiniao prefiro um estado totalitario do que o que temos hoje.

  6. Edson

    Prezado alguém
    Respeito e entendo sua opinião, bem como, também respeito e entendo a opinião de todos que aqui comentam. O problema aqui posto é grave pois, temos uma legislação democrática porém, temos uma situação fática que não condiz com a nossa legislação. Se o que está escrito e previsto, estivesse sendo respeitado e cumprido, não estariamos aqui comentando e nem discutindo a questão que foi posta neste artigo. Infelizmente, a corrupção é tamanha em nosso país, quando digo corrupção, me refiro tanto as cometidas por pessoas que ocupam funções no Estado bem como as cometidas pelos particulares no dia-a-dia, que o mundo do crime, que acaba de certa forma sendo resultado dessa falência do Estado brasileiro, provoca o descontentamento e a descrença dos cidadãos em geral. É triste e vergonhoso ter que ver a Polícia Civil e Militar ter que fazer “milagre” para trabalhar, pois, o Estado não dá as minimas condições de trabalho para essas instituições. Para que mais absurdo do que delegacias serem usadas para custódia preventiva? A polícia Civil já tem trabalho por demais e ainda tem que fazer as vezes do que seria obrigação dos centros de custódia, que, francamente não existem. Eu não quero, em momento algum, defender ou ofender a polícia ou os taxados de “bandidos”, o que estou questionando é a falência estatal. Não podemos aceitar o discurso do “justiceiro” estatal. O país tem muitos problemas, mas, nunca se discute a origem dos mesmos, apenas tenta se resolver na consequência. É como um câncer em estágio avançado, se não foi tratado no início, não adianta tratá-lo no fim. Certa feita, a imprensa sensacionalista, através do repórter Roberto Cabrini, entrevistou um famoso “bandido” e disse ao mesmo que ele, Roberto Cabrini, era a favor da pena de morte. O “bandido” perguntou-lhe “Se sua filha for estuprada, você é a favor da pena de morte para o estuprador?”. O Cabrini respondeu que sim. Ai o “bandido” perguntou “E se o estuprador for o seu filho?”. O Cabrini ficou em silêncio. Infelizmente, é fácil julgar o outro quando não se está em sua pele. A Declaração Universal dos Direitos Humanos é uma conquista da humanidade, conquista esta que custou a vida de muitas pessoas. Esta declaração costuma ser mal interpretada e taxada de “defesa dos bandidos”, porém, se hoje você abre mão do que ali está escrito em prol da suposta “segurança” estatal, você estará abrindo mão de seu direito também, pois, o que ali está escrito é direito de todos. Nós, pessoas comuns do povo podemos cometer equívocos e erros, mas o Estado não, pois, o Estado existe para assegurar a convivência tranquila e saudável entre as pessoas.
    A ditadura militar é exemplo da ausência de respeito aos Direitos Humanos. Não sou dono da verdade e nem quero ser. Sou defensor dos direitos e garantias individuais previstos na Constituição Federal de 1988, que foi buscado na Declaração Universal dos Direitos Humanos. Não sou de analisar um contexto social com base em problemas de momento, mas sim, com base na construção histórica que levou àquele momento. A todos que aqui comentaram e ao próprio escritor do artigo, eu posso não concordar com o que vocês pensam, mas sempre defenderei o direito de pensar e manisfestar o pensamento. Sou a favor da Democracia de fato, e sei que não vai ser da noite para o dia que conquistaremos a sua efetivação, mas através de lutas e discussões podemos construí-la. Liberdades individuais nos movem, restrição de direitos nos calam, nos amordaçam. As mulheres, os negros, os homossexuais (homoafetivos), tiveram que lutar por muitos anos e muitos até morreram para conseguir que se efetivassem seus direitos, mesmo assim, ainda existe por demais as discriminações e os desrespeito a estes direitos, mas, pelo menos, já conseguiram avançar muito. Espero que um dia possamos ter um Estado que garanta o mínimo a cada cidadão, e que funcione em, pelo menos, condições mínimas.

  7. Thiago Augusto Oliveira Fontes

    Edson vc vive em que planeta?
    Se vc acredita que o lei resolve os problemas sociais vc é deve ser do País das Maravilhas e deveria se chamar Alice.

  8. minha casa minha vida

    Enquanto o vagabundo não sentir o ”peso” do Estado ,a tendencia é piorar.Hoje é status pro vagabundo ir pra cadeia ,e quanto mais vezes melhor .pro mundo do crime é como graduações que recebe a cada entrada nos presidios ou seja a ferramenta que o Estado tem pra punir ,na verdade PREMIA. Se alguns pais de família menos favorecido soubessem das regalias que os presos tem na maioria dos presidios e se tivessem a certeza de que toda a sua familia ficariam na mesma cela que ele é certo que desejariam estar presos .As leis são boas,mas infelizmente ficam só no papel.

  9. Jaime Brasil

    Deixem a polícia trabalhar, sei que não vamos acabar com o crime mas podemos fazer com que os bandidos tenham respseito.
    Valeu professosr Alex Bombeiro.

  10. Gustavo Alcântara Xavier

    Precisávamos de um texto desse para mostrar a população como atua a polícia e o ladrão, muito bem colocado pelo Dr. Alexsandro.

  11. Berg Pereira

    Parabéns ao Nobre Colega Alexsandro (ALEX BOMBEIRO) pela oportuna reflexão, pois infelizmente a sociedade contemporânea tem corrompido os seus valores, de sorte que o que sempre se convencionou como valores éticos e morais, tem sido convertidos em caretice e algo politicamente incorreto… Até mesmo nas rodinhas de jovens e adolescentes, vemos a moçada enaltecendo o “errado” como sendo o certo, ou seja, é chique ser rebelde, rude, deselegante, às vezes até mal caráter…
    Estes são os valores mais comuns encontrados no seio da sociedade contemporânea e, por lógico, se reflete no caráter social da maioria dos nossos jovens.
    De posse desse raciocínio, some-se o desmoronamento da “família e seus valores tradicionais”; o descaso do poder público e da falta de uma crença de que espiritualmente existe algo muito maior do que os nossos olhos podem enxergar… Desse modo fica fácil compreender o porque de tantas mazelas e desacertos nesta geração atual e, me permitam concluir, afirmando que me causa medo, desconforto mesmo, ao tentar prever o que teremos pela frente com as futuras gerações vidouras.

  12. Charles Dias

    Alexsandro de Oliveira e Silva, continue sendo esse Policial exemplar.

  13. Eddie

    Realmente o Ilmº Edson é de outro mundo.
    Os Direitos Humanos realmente deveriam ser atendidos, com moradia digna, saúde, educação e segurança não para proteger BANDIDO pq isso acontece, e na minha concepção Direitos Humanos é para HUMANOS, Eu não considero o BANDIDO, MARGINAL SEM ESCRUPULOS humano, pq ele é sempre desumano!!

  14. alexandre

    bom dia,nao fico do lado de niguem sao dois lado ruim…

Os comentários estão fechados.