.
Com cerca de 50 milhões de jovens, o Brasil experimenta um novo protagonismo juvenil no que se refere às questões políticas. Há um despertar da juventude sobre a sua participação na vida pública, despertar que alcançou o seu deslumbramento nas manifestações de junho do ano passado. Naquele momento foi visível uma participação não apenas de grupos organizados, dentre eles os movimentos sociais, mas também de jovens que sem participar de uma agremiação partidária, também foram para as ruas protestar. E assim deve ser para que dias melhores sobrevenham em nosso país. Os jovens têm muito a contribuir para a transformação do caos social em que nos encontramos.
E são os jovens que mais sofrem hoje no Brasil por conta, principalmente, de uma educação precária produzida pelo próprio governo federal. Considerando o sucateamento da educação em nosso país, podemos afirmar categoricamente que o governo gasta muito mal os recursos com a educação. Sem educação de qualidade o país não consegue se desenvolver. O governo também não pode prescindir da meritocracia para um melhor desempenho da educação. Vale ressaltar que o município de Vitória da Conquista extrapolou o padrão pífio da educação nacional e conseguiu nos últimos anos oferecer um dos piores ensinos públicos deste país.
Os nossos jovens sofrem também por causa da violência. A violência que acomete a juventude brasileira é uma grave violação aos direitos humanos. Nesse sentido, é preciso salientar que os jovens negros são os mais afetados quando o assunto em questão é a violência. E a situação apenas se agrava. Os dados do Mapa da Violência confirmam o extermínio da juventude negra em nosso país, enquanto que houve uma queda no número de homicídios entre os jovens brancos. Ressalta-se também o fato de que a Bahia aparece com os maiores índices de homicídios entre os jovens.
As políticas públicas para a juventude apesar de darem uma contribuição importante para a construção de um novo país precisam ser aperfeiçoadas e não se restringir apenas à promoção de movimentos sociais. Há uma juventude que ainda não compartilha e não é beneficiada pelos programas e ações do governo federal. Há uma juventude que ainda permanece marginalizada nos processos sociais. É preciso continuar lutando para que o novo protagonismo juvenil alcance cada vez mais jovens e assim possa ampliar os direitos e as oportunidades da juventude em nosso país.
Ivan Cordeiro é Mestre em Ciências das Religiões, estuda Ciências Sociais na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia e foi membro do Conselho Municipal de Juventude.