Paulo Pires
No livro das Ignorãças, o poeta Manoel de Barros, fala de si e de outros personagens. Além disso, acrescenta à sua poética bichos e objetos, como se tudo fosse uma coisa só (ou única aparelhagem). Para entender o poeta é imprescindível compreender Poesia e saber que essa forma de se expressar é aquela que dá ao homem capacidade de voar fora da asa. Manoel de Barros é um dos maiores poetas brasileiros e um dos homens de letras mais entranhados na poesia. Quem disse isso foi o poeta Carlos Drumonnd e o disse para conforto do elogiado e alegria de todos que gostam de lirismo.
O título do Livro das Ignorãças é um convite estranho. Parece, no primeiro momento, que vamos mergulhar no mundo incógnito dos mal entendidos, quando de repente nos deparamos com veredas e sendas poéticas que só um artista com amplo domínio da linguagem pode nos conduzir. Linguagem como reveladora de cultura e saber.
Na vida a linguagem funciona também como forma de revelação do caráter das pessoas, de um Povo. A linguagem faz da diplomacia um dos instrumentos mais requintados do ser humano para sua existência e para seu convívio social. Mas, é imprescindível alertar: Essa mesma linguagem, quando mal aplicada, ou quando feita sem o mínimo de racionalidade e mais ainda: quando feita por intermédio de um coro de revoltados e descontes, pode ser levada à classificação das funções indecorosas.
No episódio da abertura da Copa, o que o mundo das pessoas do bem observou foi justamente o mau uso da palavra, o mau gosto de Expressões que se juntaram à impropriedade dos rebeldes sem causa para constrangimento dos visitantes do País. Uma parte do público, aparentemente decente, sem que nem prá quê, pessoas, aparentemente top de linha, creme do creme, esqueceram-se das regras mais comezinhas da diplomacia e deitaram sobre a Presidenta da República uma sequência de expressões e palavras grotescas, impublicáveis.
A colunista Hildegard Angel, disse que alguns dos seus amigos de fora do Brasil ouviram os palavrões dirigidas à Presidenta Dilma, perguntaram a ela: Esse pessoal aí faz parte da Elite Social do Brasil? Ela disse que sim. Os amigos ficaram em silêncio e ela entendeu. Para os amigos de Hilde, ficou claro que se nossa Elite (ou parte dela) se manifesta assim em lugares públicos, imaginem o que não fazem quando estão na vida privada. Ou, como diria o Zé Simão, se nossa Elite faz isso em público, imaginem o que fazem na Privada. O que temos a acrescentar é que felizmente o Povo Brasileiro sabe que ainda temos vivo um Poeta que ama a Palavra e faz do seu uso um instrumento para elevação de nossas Letras e nosso Caráter. Ou será que nossa high society vai confirmar o que disse um grande pensador brasileiro: “Nosso Povo é bom quem não presta são alguns segmentos das nossas Elites”.