Passeio outra vez, bem cedo, por entre muitos conhecidos circundando o Caboclo, aos pés de quem chorei, nos derradeiros dias, as decepções das derrotas humilhantes do Brasil na Copa. Estico até a Barra, no trajeto reverencio a Santa das Vitórias, rezo a Santo Antônio e durante o belo curso que me põe no Porto lembro as manchetes do dia. Desde a segunda, depois que a Alemanha se sagrou tetra campeã observo que a violência volta, com intensidade, a ser matéria destacada na imprensa. O conhecido ambulante do Corredor da Vitória me lembra da derrota do Bahia e, consoante diz, nem bem acabou a Copa tome remédio amargo para os tricolores. Entretanto, pontua seu sarcasmo, vez que me pergunta em seguida, se havia visto a confusão de Amargosa.
Referia-se, na sua maneira mordaz ao revés tricolor, pelo qual sabe torço e, sobretudo, ao título estampado no prestigioso jornal A Tarde: TERROR EM AMARGOSA: POPULAÇÃO SE REVOLTA, INVADE DP, SOLTA PRESOS E QUEIMA VEÍCULOS.
Reconheço os resultados positivos da Copa, principalmente alcançados na segurança, os quais devem ser objeto de atenção dos governantes, em especial dos próximos eleitos, para que as ações na área sejam exitosas, não somente em momentos eventuais, mas, no dia a dia de todos.
Indubitavelmente, o sucesso do certame, se deu por força da característica hospitaleira e alegre do povo brasileiro, louco por futebol. As notas negras ficaram por conta das suspeitas de superfaturamento das obras, necessárias a realização do evento e outras falhas.
Torna-se cômica a comemoração de executivos, quanto à entrega das Arenas no prazo previsto e seria até desnecessário inferir, sem estádios não haveria jogos. Mas, fosse o caso hipotético, de se pretender disputar partidas, nos aeroportos, vias de acesso, trens bala prometidos, o certame não ocorreria.
Diga-se, a segurança funcionou e milhões foram investidos para tanto. Não conheço números, até porque carecem de transparência os gastos realizados no particular e geral, porém, presumo haver sido superadas todas as despesas dedicadas à viabilização da estrutura empregada, exclusivamente na segurança da Copa – terra, ar e mar, treinamento e uso do pessoal, logística e tecnologia – em Salvador, com relação ao aplicado na Segurança Pública do Estado, por largo período.
Disponibilizados recursos, incentivados os oficiais de segurança, tudo tende a funcionar. Com policiais nas ruas, se inibe a ação dos delinquentes; com órgãos de inteligência funcionando suportados em recursos tecnológicos de ponta, onde o dado é convenientemente tratado e as informações são oferecidas tempestivamente aos organismos atuantes, as ações fluem.
Ao revés, polícia desmotivada, logradouros sem patrulhamento constante, inteligência centralizada, engessada, que não alimenta órgãos investigativos, no tempo adequado e com dados concretos, central estatística que se preocupa mais em mascarar a realidade, do que apontar pontos críticos, para que o crime seja combatido nos locais onde ele se revela com maior incidência, centro de operações especiais, valoroso a bem da verdade, mas que deveria ser reserva de homens treinados para ações específicas de ataque desviado para investigar delitos sensíveis, para o qual não tem expertise, instituições onde o primado da hierarquia e disciplina é claudicante tendem a viver amargando derrotas, em detrimento da sociedade que sofre.
Pensando nisto, na volta repus energias bebendo doce água de coco vinda de Acajutiba, quando o filósofo no seu carrinho enfeitado, me veio com outra das suas. Queria declinasse meu voto para Governador e Presidente, ao que retruquei na assertiva de que o voto é secreto. Todavia, confesso que aproveitei para sentir sua tendência, arguindo sobre a escolha dos seus candidatos preferidos.
Disse-me, vou lhe dar uma pista e falou em seguida. “Sou alérgico a caranguejo, não sou santo e nem pombo de rua”. Meneei a cabeça e continuei meu caminho. De repente gritou: “Não ando de costa, não vivo de promessa e nem aceito migalhas”.
Fiz de conta que não ouvi.
Valdir Barbosa