Academia do Papo: O Bar de Mocofaia

Paulo PiresPaulo Pires 

Estávamos em 1984 e a vida corria bela, sem atropelos.  Vitória da Conquista amanhecia às vezes Sol, às vezes Cinza e poucos se davam conta que o Tempo passava.  Nada de mais nessas constatações.  O que havia mesmo era interesse por aquilo que a Cidade não tinha, nem podia fazer.  O que fazer então? Simplesmente deixar a semana passar para chegarmos a sexta feira e, aí sim,  partir  para a Avenida  Expedicionários:  adentrar o Bar de Mocofaia.

Nesse Bar a gente se encontrava.  E nos encantávamos.  Era o encontro semanal  com artistas, intelectuais, músicos, poetas, loucos (boa parte) e todo tipo de gente interessante da Cidade.  Tatu Lemos, Jorginho Chagas, Gildásio Leite, Heleusa Câmara, Zé Raimundo, Waldenor Pereira, Gil Barros, Gutemba Vieira, Geslanei Brito, Dão Barros, Maria Elvira Brito Campos, Paulo Mascena, Dirlei Bonfim, Paulo Macedo, Evandro Correia, Antônio Roberto Barros Cairo, Hildebrando e Júlio Oliveira, Nagib Barroso,  declamadores e  outros tantos que ajudavam a fazer da Casa uma grande Festa.

Naquele tempo todos éramos adolescentes intelectuais. Meninos e Meninas sonhadores com passarinhos, violas, prêmios de ouro e prata.  Sonhávamos com o futuro, como se o futuro fosse uma coisa distante, longe daqueles momentos.  Nem sabíamos que ali mesmo, traçávamos o nosso (pois o que sonhávamos já estava praticamente definido naquele imperceptível presente).

Um dia quem esteve lá (entre tantos artistas nacionais) foi o compositor e cantor Geraldo Azevedo.  Foi uma Festa.  Geraldo (até hoje) já era ícone de nossa Estética Sonora.  Belas canções faziam (e fazem) desse compositor um dos mais admirados do País.

Daqueles frequentadores, a maioria se deu bem (ou, como se diz no popular: deu certo na vida).  José Raimundo foi eleito Prefeito e agora Deputado Estadual para onde ruma em segura reeleição.  Waldenor foi eleito Reitor da UESB, Deputado Estadual e agora Federal, indo também para reeleição [merecidamente]  com grande apoio popular.  Heleusa Câmara continua uma das personalidades mais interessantes de nossa Cultura, proferindo palestras pelo Brasil e Exterior, Maria Elvira é professora consagrada e recentemente esteve também fazendo palestra na Sorbonne, em Paris.  Nagib Barroso é Secretário do Município em duas Pastas.

E eu? Bem… Eu continuo olhando pela janela para verificar se o dia amanheceu quente ou frio, se está Sol ou Cinza. Mas, confesso: continuo feliz por mim e pelos amigos inesquecíveis. Seria necessário desejar mais que isso?

Bem dizia Machado de Assis: “Todo ancião vê o tempo com os olhos de sua mocidade”. Na realidade, simplicidade e naturalidade nunca fizeram mal a ninguém.  Um abraço cordial para todos e até a próxima.

Paulo Pires


2 Respostas para “Academia do Papo: O Bar de Mocofaia”

  1. Luana

    Boa tarde, ótimo texto.
    Mocofaia (Eduardo Rocha) é meu tio. Já ouvi inúmeros causos dessa época, do tão famoso Bar Mocofaia. Consigo sentir saudade de uma época que não vivi, mas que fez parte da historia dos meus pais, tios e amigos!
    Abraço Luana Rocha

  2. Rosalvo Junior

    Foi no Bar de Mocofaia que eu ouvi o Rosemberg Oliveira, pela primeira vez, cantar e encantar, com a sua belíssima música “Coliseus”.
    Belos tempos…

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