Vamos dar um rolezinho?!?!

Foto: Blog do Anderson
Foto: Blog do Anderson

Alexandre Xandó e Cláudio Carvalho*

Como se anda pela cidade? Como se mora na cidade? Como se diverte na cidade? Se esta cidade fosse sua, o que você faria? O fenômeno dos rolezinhos retornou ao Shopping Conquista Sul no último dia 27 de julho. A periferia desafia (e com isso escancara) a segregação da nossa democracia social e racial. O Shopping é um símbolo que se incorporara ao cotidiano da vida urbana. A ideologia do consumo tem no shopping um dos ápices de sua realização, já que este espaço proporciona a falsa aparência de uma sociedade ideal.

Se por um lado temos no uma cidade caótica, dividida por muros, onde os espaços públicos não são visitados; por outro lado têm-se nos shoppings lugares coletivos, que aparentam ser públicos mas seguem a lógica privada, com mecanismos próprios de controle e segregação. E este local, que é avesso à cidade de espaços públicos, tenta invisibilizar a “ralé” em um discurso de esvaziamento, de práticas padrões e ideais, de experiências homogêneas e
“exemplares”: para frequentar o shopping você deve seguir um padrão estético
e de comportamento.

Fica claro nos depoimentos dos jovens que ao marcarem os rolezinhos, sua intenção é de conhecer novas pessoas, escutar e dançar funks (o “passinho do romano” é o mais badalado) e captar o máximo de selfiespara postar nas redes sociais. A priori, ações nada politizadas. Mas a questão de fundo da apropriação deste espaço pelas camadas mais pobres é o conflito social, notadamente o conflito entre classes sociais.

https://www.youtube.com/watch?v=IyDuBK4wfIY

O espaço do shopping tem um público homogêneo, majoritariamente branco, e a sua ocupação pelo “diferente” incomoda. O Funk, enquanto gênero musical dos “invisibilizados”, é a música da “ilegalidade”, daqueles que “desordenam” a cidade. Nesta lógica, a ousadia de publicizar a ação por meio das redes sociais, deve ser coibida e combatida.

Polícia Militar no Shopping Conquista Sul

Aí entra em cena o aparato repressor do Estado, a Polícia Militar, que causou “tumulto” no shopping ao deslocar um efetivo quantitativamente exagerado para o local. Foram requisitados os RGs dos rolezeiros para que estes pudessem adentrar no estabelecimento, uma abordagem que não é de rotina face aos demais usuários habituais. Vale ressaltar que este é um espaço que possui segurança privada, e não houve nenhuma denúncia de ocorrência de crimes durante o evento.

Tal situação de intimidação também ocorreu no sábado (26/07), no ato público do Curso dos Mil por uma Constituinte do Sistema Político, onde mais de uma centena de policiais aguardavam os participantes na Praça Barão do Rio Branco.

O Estado não pode ver a população que passeia/protesta como criminosa; em uma democracia, o ir e vir, o debate, o discurso e os anseios populares não apenas devem ser ouvidos, mas concretizados. Mais um rolezinho da juventude pobre e funkeira está marcado para o próximo dia 03 de agosto (domingo) às 13:30hs. Será que dessa vez o seu direito ao lazer será garantido? Será que o direito de ir e vir esbarrará, mais uma vez, nos muros invisíveis do racismo estrutural brasileiro?

É preciso revolucionar as cidades. E não tem problema se as revoluções forem pequenas. Nossa luta é por direitos e isso não tem preço!

*Alexandre Xandó é Advogado Popular; Claudio Carvalho é Professor da UESB. Ambos são militantes da Consulta Popular e integrantes do NAJA – Nucleo de Assessoria Juridica Alternativa da UESB


4 Respostas para “Vamos dar um rolezinho?!?!”

  1. Eu

    Que testo mais idiota, com argumentos pífios, só mostra o quanto o socialismo barato está entranhado no Brasil, principalmente em ambientes universitários onde esse professor trabalha. Essas pessoas que apoiam BLACK BLOCKS, rolezinhos e organizações afins, que vem com essa conversa de pregar revolução, revolução de que? Da bandidagem onde não se respeitam as leis? Ah mas vai dizer que as leis são opressoras, não é?! Lazer é uma coisa, depredação de patrimônio público e privado são outras! Protestar é uma coisa, vandalismo, terrorismo são crimes. Quer pregar revolução? Então prega lá em CUBA, VENEZUELA, CHINA, COREIA DO NORTE, etc. Pois lá pode-se se protestar à vontade, tem todos os direitos respeitados, pelos seus lindos governos igualitários, certo?! Ah, esquerda de uma coerência maravilhosa.

  2. Anônimo

    Que horror esse texto, totalmente ao avesso da verdadeira realidade, nesse tal de rolézinho tem muita gente boa, mais também tem muito marginal com o intuito de fazer desordem e fazer a prática de roubos…Não dá para simplesmente fechar os olhos e deixar os marginais fazer o que querem tem que ter polícia sim, tem que ter repressão sim aos que querem ir contra a lei !

  3. Francisco Carlos de Mattos

    Parabéns pela matéria Anderson, a sociedade deveria entrar nessa brincadeira, assim como quem se deixa envolver pelo samba ou outro ritmo familiar, ou no mínimo respeitar as manifestações pacíficas populares.

  4. james

    Ainda bem que não é Púlblico.Senão ficaria igual ao de Feira de Santana.
    É isso ai policia nelesssssssss.

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