O cidadão eleitor brasileiro testemunha, também protagoniza, a campanha eleitoral à Presidência da República mais complexa da nossa história. Entre outros ingredientes na disputa das fatias do bolo fermentado do poder, tragédia, delação premiada e a intervenção irresponsável e abjeta dos principais veículos de comunicação deste país.
Comunicação é poder. E na torrente de acusações brutalmente ampliadas, constatamos que os cuidados jornalísticos elementares estão sendo ignorados, no intuito de manipular a maioria dos eleitores que não consegue enxergar o macro campo político com nitidez suficiente para separar o que é “denuncismo” do que é realmente verdade, pautada em provas e condenações.
A fúria com que emissoras de tv e rádio, jornais e revistas estão se atirando sobre os prováveis escândalos sobre corrupção nos remete à Inglaterra dos Anos de 1930, onde o exagero das companhias jornalísticas inglesas naquele período foi denominado pelo premiê Stanley Baldwin como “atributo das prostitutas, o de exercer poder sem responsabilidade”.
Deve-se deixar claro que as companhias jornalísticas não foram eleitas para fazer política, ou politicagem. No caso particular das emissoras de tv e rádio, são concessionárias públicas, estrategicamente distribuídas para manutenção do poder da seletiva elite financeira, nacional e internacional. Não é de se estranhar, no entanto que, ao longo da história recente, escândalos foram a arma da mídia para desestabilizar governos, preferencialmente os mais populares.
Comungamos da máxima de que todas as suspeitas de corrupção devem ser apuradas, e os culpados punidos rigorosamente. Contudo, as responsabilidades do denunciante, dos profissionais e das empresas de comunicação que dão eco às denúncias também devem sofrer o mesmo rigor por parte do Judiciário. Infelizmente, nossa legislação é falha nesse aspecto, além do que a sociedade perde muito com a falta de pluralidade de ideias, pois cinco famílias controlam a grande mídia nacional, um infortúnio que ancora e deturpa a tão sonhada “liberdade de imprensa”, que dentro de nossas fronteiras dá lugar a interesses corporativos.
A tragédia dos ataques diários ao nosso sagrado direito democrático à livre escolha somente não é maior porque avançamos como sociedade, mesmo a pequeno nível, na percepção do público em relação às manobras efetuadas pela grande mídia. O advento da internet também colabora com a “democratrização” de conteúdos informativos, ao tempo que aumenta o risco da deturpação da realidade.
Conclusivamente, estamos dentro de um labirinto onde o eleitor poderá encaminhar o país na trilha que devemos percorrer para o desenvolvimento, ou naquela que nos conduzirá de vez às garras do mitológico Minotauro.
Uma Resposta para “Atributo das prostitutas”
Zilma Teixeira
Excelente texto, análise sensata, corretíssima.Parabéns!