Carta da Beócia – III

Jorge Maia

Jorge Maia

Sempre que eu demora de ir à Beócia, meus amigos escrevem cobrando uma visita. Fiz grandes amizades naquela terra, essa é a razão de tanta atenção e desejarem a minha presença.

É verdade que tenho espaçado as minhas viagens até a Beócia. Razões particulares têm mudado os meus rumos. Espero em breve retornar àquela terra doce e mansa, de um povo bom, verdadeiramente generoso, mas que Deus, em terrível experiência, permitiu ser administrada pelos piores políticos já produzidos em toda via láctea.  Aqui reproduzo a carta de uma amiga, Maria Joaquina do Amaral Pereira Góes:

Querido Jorge Maia,

Posso chamá-lo de querido? A verdade que temos notado a sua ausência em nossa terra e também das referencias que você faz sobre ela. Sabe? Você tem dado uma boa divulgação sobre a nossa Beócia. Depois das suas crônicas tem aumentado o número de turistas, graças a você estamos mais conhecidos.

No inicio deste ano nós tivemos inaugurado o nosso Fórum, o que foi motivo de alegria, afinal teríamos um espaço novo para as atividades jurídicas. Pois bem, em menos de três meses começou a sofrer uma reforma. Parece brincadeira, a construção não foi aprovado pelo corpo de bombeiros. Isso significa que os bombeiros não foram ouvidos antes. Aliás, nem advogados, nem a OABE_ Ordem dos Advogados da Beócia. Em verdade ninguém foi ouvido.

Não há uma sala para oficias de justiça e nem para a OABE. As pessoas se aglomeram nos corredores, e para atendimento dos advogados; um pequeno cubículo. A parte aberta do guichê de vidro é muito baixa, para falar com a pessoa que atende do outro lado do balcão o advogado tem que se curvar. É humilhante.

Outro dia estive no fórum e presenciei uma cena chocante: Três advogados estavam no setor de atendimento,  dentre eles uma advogado, muito alta e elegante, com sapato de salto alto, precisando falar com a pessoa do outro lado do balcão curvou-se totalmente e imprensou o colega contra a parede, o rapaz ficou entre a parede e a parte posterior da moça, coitado, ficou sem saber o que fazer diante  da situação.

Meu querido, posso chamá-lo de querido? Visite-nos com mais frequência, agora é um momento especial, pois estamos em período eleitoral e há muito o que falar, penso que você encontraria alguns fatos  interessantes para comentar.

Um grande abraço. Despeço-me, destas doces e suaves  terras da Beócia, 30 de fevereiro de um ano qualquer.

 Maria Joaquina do Amaral Pereira Góes.

 


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