O pintor renascentista Sandro Botticelli, em seu quadro “Alegoria da Primavera”, de 1482, elaborou uma expressão mitológica da fertilidade florescente no mundo, onde e sua reconhecida genialidade relaciona a primavera à mulher. E, com a chegada da estação das flores na cidade que é considerada a Terra das Rosas, o olhar ultrapassa a variedade de cores das pétalas, dos agradáveis perfumes, das árvores que enfeitam as ruas, praças e avenidas de Vitória da Conquista para enxergar uma geração de rosas com extremo talento musical e uma sensibilidade tão importante para essa época do ano, onde deixamos pra trás a hibernação cansativa de dias frios e cinzentos.
A cidade é um celeiro de grandes artistas e, desde a era do rádio, poucas vozes femininas se destacavam no meio musical local. Até algum tempo atrás, quando fazíamos uma relação das principais vozes conquistenses, a imensa maioria era de talentos masculinos.
Na entrada de uma nova primavera, relembrando Botticelli, relacionamos o reflorescimento da musicalidade conquistense às inúmeras vozes femininas que hoje ecoam aos quatro cantos do país. Além de afinação e estilo, somam-se suas belezas, suas performances.
Atualmente, o cenário artístico musical de Conquista demonstra certo equilíbrio entre gêneros, no cardápio variado de grandes estrelas, que fazem sucesso em festivais, lotam teatros e praças por todo País. É arriscado fazer uma lista completa para que o leitor tenha uma dimensão exata da realidade destacada neste artigo, pois nomes relevantes podem ser esquecidos, contudo não podemos deixar de citar Andrea Cleone, Bárbara Moura, Bia Novaes, Cídia Luize, Cláudia Cavalcante, Cláudia Rizzo, Consuelo Ferraz, Deborah Santana, Gabriela Almeida, Geci Brito, Iara Assessú, Jádia Filadelpho, Jéssica Oliveira, Larissa Caldeira, Marlua Sousa, Narjara Paiva, Norma Eliete, Rita Pithon, Séfora Fernanda, Shirley Dutra, Suze Dias, Tereza Raquel Nepomuceno, Tina Rocha, entre outras centenas de revelações musicais brotadas no principal cume artístico do sertão.
Impressionante a qualidade e a variedade de ritmos. Geralmente, essas artistas são arrojadas, interpretando músicas que transitam entre samba, blues, jazz, baião, entre outros estilos, emprestando energia e romantismo, beleza e gingado, além de um saudável interesse pelo alto nível do repertório, e a manutenção equilibrada de suas carreiras.
Que venha a nova primavera e que flores como essas continuem brotando no jardim de nossas vidas, porque nossos espíritos precisam de música, flor, e da imaginação fértil de nossas belas artistas.