Eleição: o dilema da escolha e a astúcia de Vargas

Paulo Pires

Academia do Papo, por Paulo Pires

Eleição é Escolha. E tudo na vida depende das Escolhas que  fizermos. A todo instante estamos diante desse belo dilema (como é bom poder escolher). Um mundo que não nos oferece escolha é um mundo morto. Por isso devemos saudar esse prazer delicioso de escolher. A Democracia tem o condão de nos oferecer alternativas. Não nos esqueçamos, entretanto, que toda vez que fizermos uma escolha, automaticamente  desprezamos outra ou outras que estavam à nossa disposição.

Em Economia denominariam esse dilema como Custo de Oportunidade. Esse custo pode ser benéfico ou maléfico, a depender do acerto ou desacerto que tivermos em nossa escolha. Isso faz parte da realidade e os Financistas dão a essa situação  o nome de Risco. Tudo na vida tem risco. O risco é um fenômeno com o qual nos defrontamos a toda hora. Há também o fator sorte (que muitos não acreditam, mas há).  O poeta francês Mallarmé disse: “A Vida é um jogo de dados”. Por mais que queiramos acertar na escolha, nem sempre nosso desejo é realizado.

De qualquer modo, vale a pena ter diante de nossas desejos  a oportunidade de eleger uma coisa ou, no caso político,  um candidato  em detrimento de outro. Embora isso nos deixe meio deprimidos quando sabemos que além daquele que escolhemos existam outros que também mereceriam ser escolhidos.   Entretanto, e apesar de nossas limitações,  saudemos a Democracia Política e nos alegremos pelo fato de poder escolher àqueles que  nos parecem os melhores.

Na história política brasileira, há casos curiosos que merecem ser lembrados porque revelam a astúcia de  figuras proeminentes  quando se depararam com o problema da escolha de um dirigente a determinado cargo.  Um dos mais pitorescos foi aquele da sucessão em Minas Gerais, após a morte de Olegario Maciel.

Getúlio Vargas estava numa situação difícil.  Por um lado havia a figura magistral de Gustavo Capanema (secretário de Olegário) e do outro uma aristocrática  família representada pelo hierático cidadão chamado Virgílio de Mello Franco.

Em meio a tanta pressão Vargas tinha que escolher um ou outro para ocupar a cadeira de governador de Minas deixada por Olegário. O astuto Presidente, depois de muita reflexão, escolheu um terceiro que não estava no script e que atendia pelo nome de  Benedito Valadares, um obscuro deputado estadual do interior.  O impacto foi tão grande que depois disso ficou gravada na alma do Povo Brasileiro a expressão: “Mas será o Benedito?”. Para aplacar a ira dos outros dois pretendentes Vargas os agraciou como Ministros do Brasil e tudo acabou bem.  Mas, convém lembrar,  nem sempre é possível escolher sem ficar mal na fita.  Viva Vargas, um dos mais imporantes homens de nossa Pátria e vamos às nossas Escolhas no próximo domingo.  Boa tarde!


Os comentários estão fechados.