Jorge Maia
Este ano os Beócios terão eleições para o Executivo e Legislativo. Tomei conhecimento sobre os debates organizados pela grande imprensa, mas não os assisti. Não é fácil conseguir uma transmissão para o Brasil. Li algumas notícias, mas não o suficiente para assenhorar-me dos fatos ali ocorridos durante aquelas eleições.
Graças a uns bons amigos, consegui captar a imagem via internet. Fui presenteado com uma antena holográfica dual/epistêmica. O seu uso ainda não foi homologado no Brasil. As vezes tenho a impressão de estar fazendo algo ilegal. Não sei bem em que tipo penal se enquadraria tal conduta,mas certo é que usando a tal antena pude assistir ao último debate.
Sinceridade? Nunca vi algo tão medíocre. Inicialmente tive a impressão de estar a uma apresentação de políticos do século XVII. Os temas eram: saúde, segurança e educação. Tudo discutido como se fossem temas dissociados da realizada social e política. Era como se não existisse interseção entre tudo que ocorre no social. Esperei, pelo que eu via e ouvia, que algum candidato à presidência ia prometer asfalto para a Rua Orosimbo Carraspana, no distrito de Carrapichel.
Não penso que para ser presidente de um país seja necessário ser um intelectual. Aliás, intelectuais normalmente não são bons administradores. Entretanto é preciso exigir um mínimo de formação, ainda que intuitiva, sociologia, psicologia de massas, sem esquecer, um pouco de filosofia. Naquele debate tudo isso estava ausente.
Imagino que aqueles candidatos, todos, faltaram às aulas de Introdução à filosofia, ensinamento básicos sobre aqueles conhecimento. Não sabem emitir um juízo claro sobre o que pensam e não respondem ao que é perguntado.As frases eram pronunciadas de modo entrecortado, inibindo a compreensão, sem falar na concordância verbal e do plural de palavras compostas. Pior, as flexões verbais. Melhor não falar.
Todos aqueles candidatos estão em campanha há mais de quatro anos, daí, suponho, que nenhum deles leu um só livro nos últimos 48 meses. Não possuem densidade cultural e nem densidade de leitura. A beócia continuará sofrendo, pois qualquer que seja o candidato eleito, elegerão a “freebodi”. Os políticos estão deixando as empreiteiras de lado, uma vez que estão bem manjadas. Agora estão partindo para os frigoríficos.
O destino da Beócia está escrito nas estrelas, até que o povo mude de atitude. Penso que para caracterizar a Beócia neste momento nada melhor que relembrar, parodiando, um poeta do pais vizinho, o Brasil: Triste Beócia! Oh quão dessemelhante. V.C. 111014
Uma Resposta para “Debates Beócicos”
Luís Fernandes
Mais uma pérola do grande Jorge. Estou esperando “As Crônicas de Maia”. Abraços