Reginaldo de Souza Silva
A literatura é farta de escritos sobre o amor, seu poder de construção e muitas vezes de destruição. Há várias concepções sobre o amor expressos na literatura universal, talvez o maior esteja na bíblia. Afinal, o amor tem valores diferentes em cada espaço, relação, cultura? Ele humilha, despreza ou nos faz crescer? É comum homens e mulheres declararem amor, bispos, padres, pastores, pais de santos, espíritas, professores etc. Afinal o que é o amor?
Esta indagação tem me preocupado nos últimos tempos. É possível falar de amor de pai e mãe, quando abandonam seus filhos ou os maltratam? Falar de amor entre homens e mulheres, quando em nome deste amor matam ou violentam a companheira? Mas, afinal o que é o amor?
Hoje gostaria de falar de um amor, o amor ao próximo. Mas quem será este próximo? Quando e como devemos amá-lo? Amor tem tempo de duração, local e condições?
Quero falar do amor as pessoas com deficiência. Num país que está envelhecendo, mais pessoas a cada dia estão adoecendo, entre elas, aquelas com doenças mentais. É comum observarmos em nossa sociedade pessoas com doenças mentais, elas ainda não são bem vistas, não são respeitadas, os espaços públicos e muitas vezes os privados não lhes dão a devida atenção e carinho. Apenas os suportam, vivem, mas não convivem com ele(a)s!
Estaria faltando amor? Porque parte da sociedade acredita que o trabalho com pessoas com deficiência deva ser feito em instituições fechadas? O que leva pessoas dizerem que amam, que tem amor, saudades e preferir internar um parente em uma clinica ou instituição ao invés de te-los em sua convivência diária? Dizia o grande cantor popular, Raul seixas: “Enquanto você se esforça prá ser um sujeito normal e fazer tudo igual, eu do meu lado aprendendo a ser louco, um maluco total, na loucura real. controlando a minha maluquez, misturada com minha lucidez, vou ficar, ficar com certeza, maluco beleza…”.
É possível alguém declarar amor a uma pessoa e, mesmo assim, não conseguir conviver com um parente com doença mental? É possível ensinar as pessoas amar e respeitar uma pessoa com doença mental? As crianças não cuidam e não respeitam porque são assim ou porque vivenciam em seus lares, na comunidade este desprezo? Afinal é possível ensinar as pessoas a amar?
Para muito(a)s, este amor é muito exigente, é demais. Para estas pessoas pedimos apenas que respeitem. Mas, é possível existir respeito sem amor, na base do respeito esta o amor. Palavra mágica que está sendo desvirtuada na história. Talvez, precisamos voltar a ensinar – amar ao próximo como a ti mesmo!
Gostaria de convidar as pessoas a conhecerem, conviverem com pessoas com deficiência, como toda pessoa, elas têm uma beleza própria, que é a sua característica. Para conhecer é preciso amor, aquele que nasce, que ensinamos, que vivenciamos, que demonstramos.
Afinal o que é o amor? Pergunte a você mesmo(a)! Olhe para dentro de você, não importa o seu nível de formação, a sua classe social, a igreja que frequenta, em que acredita ou não! Sem o verdadeiro amor, tudo é falácia, é fingimento, é mentira! O amor tudo suporta.
Prof. Dr. Reginaldo de Souza Silva – coordenador do NECA/UESB – Depto. de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
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