Ricardo Marques
No fatídico 6 de maio de 1988, eu havia chegado por volta das sete da manhã, na quadra do antigo Colégio Diocesano, para mais um treino de futebol de salão do time infantil da escola. O time era treinado por Zó, hoje Padre Josué, pároco de Itapetinga. Vi aquele burburinho e Zó aos prantos. Foi quando soube da notícia do assassinato do nosso pároco da Catedral, Padre Benedito da Costa Soares. À época, estava com onze anos de idade e era do grupo de acólitos da Catedral e, como coroinha, sempre estive presente colaborando com Padre Bené nas missas dominicais, desde os cinco anos de idade. Leia o artigo na íntegra.
Nessa semana, Padre Bené completaria 75 anos de vida. Seu legado está mais vivo do que nunca. Tão vivo que aqueles jovens e adolescentes de outrora criaram recentemente uma associação para dar continuidade ao trabalho e à memória desse grande educador, exemplo de vida para tantos de nós.
Esse rico momento da história, engrandecido por outros nomes como os de Dom Celso José e de jovens padres como João Cardoso e Edilberto Amorim, refletiram na vida de tantas pessoas e hoje dão frutos para o país inteiro, a exemplo dos bispos Dom Zanoni Castro e Dom Estevam Santos, criados nos princípios essenciais de uma igreja que pregava em todo canto a sua “opção preferencial pelos pobres”. A mesma igreja que o Papa Francisco quer apresentar novamente ao mundo.
É bom ver tantos e tantos exemplos de cidadãos conquistenses que escolheram caminhos diversos como o comércio, a educação, a política, as artes, mas que trazem em unidade os ensinamentos de Padre Benedito Soares. Pessoas que levarão por toda a sua vida a mensagem de ir e pregar o evangelho na vida diária, na lida, na vida real, trilhando um caminho ético e humano, cuja religiosidade se concretiza no mundo, por meio da prática da caridade.
Num dos poemas mais conhecidos de Padre Bené, ele nos convida a agir no meio da sociedade: “Alguém, não sei quem, precisa continuar sua missão…”. O maior presente que podemos dar a ele nesses 75 anos de nascimento é fazer com que sua vida, ceifada por fazer a caridade, tenha valido a pena e que, nós, que tanto aprendemos com seus ensinamentos, possamos cada vez mais refletir as suas palavras:
“Se você nunca pensou em ser mensageiro,
De sua mensagem, em optar por Ele,
Com vontade decisiva, comece a pensar!!!
Se cada um de nós, não tivéssemos o seu retrato,
Mas se fôssemos o seu retrato dentro da história de hoje,
O Amor já existiria, a Paz não falharia, a Justiça viveria…
Vamos ser seus companheiros, no Tabor e no Calvário, e,
Novamente, o mundo encontrará o caminho da libertação!”
9 Respostas para “Padre Benedito e a Igreja da opção preferencial pelos pobres”
Claudio de Jesus
Ricardo, tive a oportunidade de conviver com o Padre Benedito em sua passagem por Poções quando pároco, bem como trabalhar juntamente com ele.
Professora Maria de Lourdes
Parabéns pelo artigo!
PAULO PIRES
Mestre Ricardo
Li comovido seu artigo. O texto, rigorosamente bem escrito, tem um adicional que jamais poderíamos deixar de mencionar: a personalidade do Padre Benedito. Era um ser humano especial. Tinha em seu gesto, sua visão, suas ações, uma imperturbável, diria deliciosa, desejo de servir ao próximo, mais objetivamente àqueles que precisavam dele, material e espiritualmente. Durante longos e longos anos, minha Mãe foi sua consulente e consultora. Os dois (Bené e minha Mãe) eram incrivelmente ligados pela Fé Cristã, pela alegria de que a ressureição de Cristo nos tornou mais felizes (na expressão de Dom Helder Câmara).
Por isso, mestre Ricardo, receba minhas congratulações em nome dos meus Familiares e os nossos agradecimentos pela deliciosa emoção de nos fazer lembrar desse Homem de Deus, que tivemos a honra de conhecer e conviver.
Parabéns e que Deus continue lhe iluminando!
Paulo Pires
Maria Goretti
Ricardo,com este artigo sinto-me feliz em saber que poderemos contar com vc pra realização do memorial ao Padre Benedito no local de sua morte.Temos um grupo de pessoas integradas nesta luta juntamnete co o diácono José Dias.Amei ler este artigo,pois sou uma das pessoas que não quer deixar morrer esta parte da nossa história.
Ivana Costa Soares
Agradeço imensamente por essa homenagem prestada ao meu irmão Bené,que foi embora de forma brusca mas praticando a caridade que era uma das suas virtudes,dentre tantas,e que deixou como exemplo pra todos nós o ensinamento de que o amor é uma alavanca para o perdão,o respeito ao próximo e caridade aos necessitam.Fico feliz por saber que meu irmão ainda vive na memória daqueles que hoje ainda regam a vontade de dar continuidade ao trabalho que com tanta luta Bené iniciou.
Laercio Silveira
Ricardo você faz parte do MOVENS, o nosso mestre Pe. Bendito era nossa referencia, e hoje agradeço a ele o que sou, é tanto que sou casado uma esposa maravilhosa que a conhecia dentro do movimento de grupo de jovens a mais de 30 anos. Parabéns meu mestre e aqueles que o adimira o nossa Pe. Benedito.
Cássio Montalvão
Parabenizo-o Ricardo, não apenas pelo belo texto, mas especialmente em tempos onde os valores morais e religiosos estão ora truncados ora esquecidos, por sua atitude de mostrar-se cristão consciente e anunciador de uma fé que nos irmana ao passo em que historiciza e registra a ilustre figura de Padre Benedito, com o qual tive poucos mas inesquecíveis momentos de aprendizagem quando ainda jovem enveredei pela experenciação vocacional caminhando ao lado de jovens seminaristas e sacerdotes como João Cardos e Edilberto Amorim, que a exemplo de Padre Benedito e Padre Bruno Baldacci, este último meu padrinho, tanto colaborarame colaboram para que jovens como nós possam enveredar por caminhos melhores.
Viva a família! Viva a fé que não teme em anunciar-se!
Que Nossa Senhora das Vitórias, das Conquistas, dos olhares por sobre todos os que sofrem, mas creem em Deus se mirem no seu e n’outros exemplos de vida como os atores sociais que aqui citei.
Mozart Tanajura Júnior
Ricardo Marques expressou em seu texto a grande profundidade do SER IGREJA: o testemunho de vida de um homem que viveu a sua existência fundamentada no evangelho de Cristo Jesus. O artigo de Ricardo Marques, muito bem redigido e estruturado, nos mostra uma Igreja em que a Teologia da Libertação é a mística de envolvimento com as causas sociais no comprometimento com os mais pobres. Parabéns, Ricardo!
Ricardo Marques
Muitíssimo obrigado ao carinho de todas e todos que enviaram mensagens sobre o artigo lembrando nosso querido Padre Bené. É uma forma de confirmar o quanto o seu legado está vivo entre nós e, ainda hoje, é referência na vida de tantos cristãos e tantas famílias. Deixo aqui meu agradecimento especial a Mozart Tanajura e o Professor Paulo Pires, pelas palavras carinhosas. A todos que fazem parte da Associação Padre Benedito, em nome de Maria Goretti e à toda a família de Bené, por meio de Ivana Costa. Agradeço também o carinho deixado aqui por Laércio, Maria de Lourdes e Cláudio de Jesus.