Tudo, ou nada

Foto: Blog do Anderson
Valdir Barbosa
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Perguntaram-me. Quanto vale uma boa esposa? Respondi: NADA. Mulher não se compra, nem vende, obviamente, vale nada. Frise-se. Nada, aqui, não é o contrário de tudo, mesmo porque a ideia de tudo compreende dois lados de um bordado, onde o anverso revela paisagem majestosa e o oposto expõe um emaranhado de nós assustador. Nada aqui supõe ausência de maldades, nuvem de fluidos benfazejos que conduzem a plenitude do nada a opor. O nada deste pensar remete à sublimação do nada exigir, de dar sob o manto de nada a reclamar. Leia o artigo na íntegra.
Este nada navega num mar cristalino que não polui, nem se deixa poluir, pois abraça e acolhe no regaço o homem, enquanto prepara no ventre seu rebento, que em nada poderá encontrar termo de comparação.
Assim, nesse infinito brilha a perfeição sem jaça, de um ser que acolhe seus dependentes, muitas vezes incapazes de entender que pecam tão somente pelo desejo de querer tudo, desconhecendo que no ninho etéreo onde repousa a mulher amada, a mãe, nada falta.
Inquiriram-me. Quanto vale o homem, como gênero? Não tergiversei e fui direto à resposta. Vale quanto pesa seu caráter. Disse-o, posto remeti meu pensamento no geral e, sobretudo, no particular à postura dos homens públicos, de quem se espera seriedade. E que pareçam sérios, como a mulher de Cesar, até porque seus exemplos orientam a juventude, como de resto a nação inteira.
Emergem no presente questões, como do financiamento de obras pelo Governo Brasileiro no exterior, a exemplo do Porto de Mariel em Cuba, do Metrô em Caracas, dentre outras. Os que pregam transparência devem se sentir obrigados a fornecer detalhes destas operações, afinal, quem paga precisa saber o que foi feito do seu dinheiro.
Ainda sob a energia nefasta do mensalão, cujos condenados são libertos, enquanto até inocentes mofam nas cadeias desumanas, surge o escândalo da Petrobrás revelando nova face podre. Não basta apurar sem reservas, também expor o tumor. Veja: cercear divulgações, querer punir quem tão somente dá a notícia, não condiz com paladinos, num passado recente, da liberdade de expressão.
Órgãos de controle não podem ser limitados, na sua ação constitucional. Aqui, auditorias engavetadas, alhures, se diz que funcionários da receita estão sendo impedidos de investigar aumentos patrimoniais estratosféricos, de políticos brasileiros e familiares. Não praticar ato para o qual está obrigado, por força de ofício é prevaricação. É digno induzir ao crime?
A experiência não me permite pretender que todas as promessas dos políticos sejam cumpridas, porém entendo, premissas básicas precisam ser consideradas, ao revés estará coberto o homem público pela sombra negra da maior vilã do caráter, a hipocrisia.
Felicitei-me lendo em coluna expressiva no jornal A Tarde, notícia dando conta que o Governador eleito revelou preocupação em atender de forma mais efetiva, as áreas de educação saúde e segurança. Teria confessado pretender buscar, no âmbito federal, apoio para minimizar o flagelo da violência.
Ao contrario do que foi dito tempos atrás, nos discursos das praças e em artigos assinados por núncio do seu partido, que não discutiu ideias, apenas dourou pílulas, tal atitude indica convicção do quadro caótico vivido no Estado, nas mais importantes áreas da administração publica.
Esta anunciação é salutar. Educação de qualidade, que forme cidadãos desde pequenos e saúde de excelência, os torna mais imunes aos efeitos da violência que contamina. Afirmo, como profissional da área, que uma polícia bem estimulada, bem formada, bem reciclada, bem paga, suportada em órgão de inteligência forte será capaz de fazer frente ao caos. Caso os serviços nas demais áreas essenciais funcionem dentro do esperado, o crime tende a deixar de ser endêmico.
Admitir carências é ato de consciência, sobre a qual falei dia destes tratando-a – a consciência – como único caminho para o desenvolvimento humano e responsabilidade social. A campanha ficou para trás. É hora do tudo, ou nada.

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