Jorge Maia
Resolvi convocar meus seis leitores para uma assembleia. Eles são seis: três milhos que leem por obrigação e três amigo,por amizade mesmo. A pauta era meu desejo de publicar uma poesia de versos livres. Eu queria a opinião deles. Aberta a discussão senti a má vontade de todos, dando a entender que eram contra, mas resolveram através de votação secreta, no que resultou empate: três a três. Comentei que eu o presidente da assembleia e poderia dar o voto de desempate. Todos foram contra, alegaram que eu era parte interessada e não poderia votar e que outra pessoa deveria desempatar. Leia o artigo na íntegra.
Vários nomes foram sugeridos, mas criei dificuldades em aprova-los. Foi sugeri o nome de Ana Isabel da UESB, mas recusei, pois sendo ela uma pessoa sensata e amiga diria: acho que não é o momento, deixa para depois, quem sabe um dia. Claro, sempre zelando por minha pessoa, pois trata-se de uma amiga, Ela certamente vetaria a publicação, preocupada com a qualidade.
Expertamente, sugeri o nome de Zé Picuinha, filósofo da Beócia, um tanto anarquista, que fatalmente desempataria em meu favor. O que foi aprovado, e lhe foi enviado cópia da poesia. Não demorou e ele respondeu, por meio de um sedex 10, no mesmo dia. Em sua mensagem dizia que embora não fosse grande coisa, em nome da liberdade de expressão, aprovava a publicação da poesia, mas não significava que era grande coisa e que eu assumisse as consequências.
Com aquele desempate estarei enviando para a publicação a minha narcisística obra prima, como se dá a seguir:
Menino Danado
Salta, pula e corre.
Grita, esbarra na visita e derruba o jarro.
A mãe, sem graça, fala: êta, menino sem princípios!
Já está na rua, jogando bola, e comemora o gol aloucadamente.
A professora manda recado para a mãe, já cansada de tantas queixas.
Todos dão opinião.
O psicólogo fala que é um menino sadio e exuberante em vida.
O médico diz que é hiperativo e tem remédio
O pai afirma que o menino é mal criado, a culpa é da mãe.
Os mais otimistas recomendam supernany.
Os pessimistas proclamam: chamem Dexter, outros berram: falem com Herodes.
A mãe lamenta e diz que não sabe o que fazer.
No seu íntimo, sorri, pensando quanta alegria e energia em seu menino.
Que hiperatividade que nada! O menino é normal, é brincalhão.
Na verdade, esse menino não fica quieto porque tem um bicho no pé.
VC.151114