Não há obra sem propina

Foto: Blog do Anderson
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Jeremias Macário

Infelizmente, com raras exceções, o advogado Mário de Oliveira Filho que defende o lobista Fernando Soares, o Fernando Baiano, disse a verdade que todo mundo já sabe, de que empreiteiro no Brasil que não se sujeitar a superfaturar contratos e não der propina, não tem obra. Leia o artigo na íntegra.

 Segundo ele, isso ocorre em qualquer prefeitura do interior. “Se não fizer acertos com políticos, não coloca um paralelepípedo”. Êta nomezinho complicado para soletrar, moço! Lembro-me dos homens lá na minha pequena Piritiba calçando as primeiras ruas com as pedras e o quanto sofria no primário para escrever corretamente, pa-ra-le-le-pí-pe-do. Há tempos que não se ouvia falar nesta palavra.

Juristas saíram com a desculpa de que foi mais um arroubo de oratória e coisa de advogado de defesa, mas não se pode negar que esta prática já é vista há anos como comum e normal no meio empresarial da construção civil, governos e executivos de estatais. Agora os corrompidos não passam de vítimas.

O errado se transformou no normal. É aquela história de que todo mundo faz assim, e é nisso que o advogado de defesa se apega para livrar seu cliente do crime. A sensação que se tem é que hoje todo brasileiro já nasce com o DNA da corrupção. O filho observa o que acontece na empresa e o pai deve instruí-lo para que incorpore o esquema.

Não vamos dar uma de hipócrita e moralista de que esses malfeitos são coisas exclusivas de políticos safados, porque o levar vantagem em tudo está enraizado na cultura do brasileiro. Furar uma fila; dar um trocado para o guarda ou um servidor público; queimar um plantão médico ou deixar de dar uma aula e inventar uma mentira; e ultrapassar o sinal de trânsito também são atos de corrupção.

Quem hoje se atreve dizer numa roda de amigos que é honesto? Certamente será ridicularizado, desacreditado e taxado de mentiroso calhorda, sem contar a gozação e a discriminação á sua pessoa. Ser chamado de otário e de besta é o de menos. É como se o cara fosse um pária da sociedade, visto como um marginal.

No exterior, nossa imagem está cada vez mais avacalhada. Sé estiver em outro país, é aconselhável não dizer sua nacionalidade, a não ser na alfândega porque não tem outro jeito. Aí o agente já lhe olha atravessado e demora de entregar o passaporte.

Quanto à roubalheira, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) já avalia em 23 bilhões de reais, mas a maioria dos astutos e espertos normais zerou suas contas bancárias, aqui no Brasil, é claro. Da noite para o dia, executivos de grandes empresas ficaram pobres. É de dar pena!

O outro, o gerente da Petrobrás, Pedro Barusco, subordinado do Paulo Roberto Costa, o delator, desviou mais dinheiro que o chefe e prometeu devolver 252 milhões de reais. O cara passou a perna no chefe. É ladrão roubando ladrão.

Não vou dizer aqui que dessa vez o Brasil toma jeito porque já vi este filme várias vezes. Além do mais, a minha idade não permite esse tipo de extravagancia, mas torço que esteja completamente errado. É aquele ditado popular; Gato escaldado de água quente….


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