Paradoxais e absurdas

Foto: Blog do Anderson
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Jeremias Macário

Em qualquer parte do planeta (olha aí a corrupção!), o Brasil é onde acontecem as coisas mais paradoxais e absurdas. É o país onde tem mais “paranormais”, “sortudos” (e o deputado que ganhava toda semana na loteria!) e “gênios” (as consultorias do Palocci!) por metro quadrado, que ficam ricos da noite para o dia. Leia na íntegra.

É o país do espetáculo da corrupção e onde as castas são bem mais acentuadas que na Índia. Aqui, políticos tratam os que se opõem às suas ideias e às suas gatunagens de elite burguesa. As políticas públicas do assistencialismo, do paternalismo e das cotas compensam os malfeitos. Quando nem se espera, tascam uma lei de aposentadoria integral para ex-governadores (R$19.369,67), enquanto o trabalhador privado, depois de penar vários anos nas mãos dos patrões, recebe uma “merreca de benefício” bem menor do que ganhava quando ainda estava na ativa.

Na cultura do calote, todo final de ano realizam uma Feira do Nome Limpo para premiar os não pagadores que foram incentivados pela mídia e pelo comércio a consumirem desbravadamente sem controle. No final, quem paga a conta são os otários e os idiotas que não atrasam suas dívidas. O negócio é todo mundo entrar na onda do calote, pois já é certa a feira dos acertos.

Bem que o Congresso Nacional deveria também criar a feira dos políticos fichas sujas! É só roubar e depois limpar o nome. Neste caso, nem precisa restituir a grana surrupiada. Não institucionalizaram a liberação das emendas parlamentares para todo final de ano, na base do toma lá, dá cá!

Aqui nesta terra, nos habituamos a ser colônia de imitadores, especialmente do imperialismo norte-americano. O consumismo exacerbado é um bom exemplo, só que de tão ridículos, fazemos isso com fraude e safadeza.

Os Estados Unidos criaram depois do “Dia de Ação de Graças” o Black Friday (sexta-feira negra) que poucos brasileiros sabem o que significa. No Brasil, fizeram, em dias diferentes, o Black fraude pinóquio. O resto, todo mundo já sabe como funciona. Os brasileiros veem os nova-iorquinos acampados nas lojas para compra, e aí, no outro dia, lá estão todos como doidos pegando produtos desnecessários. ”Perdoai, Senhor, porque eles não sabem o que fazem”! Os letreiros e avisos das casas comerciais no Brasil são todos em inglês e poucos entendem.

E o estelionato eleitoral? Lembram o que Dilma disse durante a campanha sobre o que Aécio iria fazer se ganhasse a eleição, como cortar repasses do Tesouro que vinham sendo injetados nos bancos públicos? Pois é, a esquerda nomeou justamente uma equipe econômica de direita da escola monetarista ortodoxa norte-americana para reduzir as verbas para estas instituições, o que significa apertar o crédito e aumentar os juros, sem falar na ameaça implícita aos programas sociais.

A presidente está fazendo o que condenou. O próprio PT teve que engolir uma equipe totalmente conservadora, e vem mais aí com Katia Abreu e Gilberto Kassab. Para ser bem conceituado e exercer cargos de alto escalão no governo, todo economista brasileiro tem que ter título de doutor nos EUA, de preferência em Chicago, Texas ou na Califórnia.

Mas, não desanime não! Nos últimos dez anos, de 2000 a 2010, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) subiu nas principais regiões metropolitanas brasileiras, segundo anunciou o Atlas do Desenvolvimento Humano, elaborado pelo Programa das Nações Unidas (Pnud), Ipea e Fundação João Pinheiro.

Está bom demais para festejar o sucesso! Na Região Metropolitana de Salvador, o IDH passou de 0,636 para 0,743 (quanto mais próximo de 1, melhor), só que as disparidades de renda e qualidade de vida são gritantes entre bairros ricos e pobres. Em Salvador, no Candeal, por exemplo, o IDH foi de 0,959, enquanto em Nova Constituinte se situou em 0,578 (contam longevidade, educação e nível de renda). Estava bom demais pra ser verdade! No bairro Cidade Jardim, a renda per capta é de R$4.637,00 e em Nova Constituinte, de R$259,00.

O IDH do Distrito Federal, de 0,792, só perde para São Paulo, de 0,794. Mesmo sem indústrias pesadas, a qualidade de vida de Brasília é uma das melhores do país. É que lá existe a indústria dos cargos públicos dos marajás que ganham polpudos salários, sem contar as mordomias dos congressistas, executivos e suas famílias de apadrinhados. São pagos pela galera debaixo.


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