Celino Souza
“Sempre a cultura a caminho da forca e a ignorância no trono”.
(Cabe a mim, e a mais ninguém, dizer com o que eu me sinto ofendido)
Aos que anseiam por uma comunidade culturalmente civilizada, digna de referências teatrais e espaços multilinguagens, com recorrentes ocupações sociais, reunindo crianças, jovens e adultos em torno de um mesmo objetivo, tenho uma péssima notícia: Vitória da Conquista, terceiro maior município da Bahia – atrás de Salvador e Feira de Santana – permanece no ostracismo, relegada a cidade acéfala, graças ao desprezo político em torno da recuperação do tão combalido Centro de Cultura “Camillo de Jesus Lima”, interditado a pedido do Ministério Público desde 11 de setembro de 2013. Leia a opinião de Celino Souza.
Sem temer ser considerado “profeta do pessimismo”, ou vulturídeo do pensamento, prefiro ser considerado abutre dos palcos vazios, guardião das cadeiras abandonadas, zelador das salas empoeiradas e até mesmo testemunha das cortinas mofadas e rotas. E, nessa escuridão subserviente, o silêncio parece tão assustador quanto a falta de risos e aplausos a cada espetáculo.
Aos que levantaram voz contra os velórios, no espaço, de quem sempre defendeu a nossa cultura, me sinto obrigado a convidá-los para o próximo, o do próprio Centro de Cultura. Meus pêsames pois, diante do imobilismo crônico, só lamentos. Cortinas cerradas, cadeiras vazias e a cultura no estertor de um processo letárgico, como se ela mesmo – na visão do governo do Estado – fosse um ser capaz de autotrofismo, de gerar seu próprio alimento.
Diante de tamanho desrespeito aos conquistenses e visitantes, que não mais dispõem – até então – de um espaço público para seus momentos de lazer e entretenimento, melhor seria o digníssimo senhor governador Rui Costa acionar a sua equipe e fazer instalar, no portão principal do enfadonho prédio, uma placa de “aluga-se”, vindo o mesmo governante se responsabilizar pela negociação, tal como um “corretor” da cultura do atraso.
Aos abnegados, aos defensores do nosso patrimônio, resta apenas esperar que tal vaticínio não se cumpra e que, a sensibilidade dos que dizem nos representar, fale mais alto. Que a voz da consciência (ou inconsciência sem voz) dos senhores engravatados desvie seus rebuscados discursos políticos para um novo tom. Um tom sem ré, nem “mi-mi-mi”, mas com dó da nossa geração e das futuras.
Pela imediata reabertura do Centro de Cultura de Conquista. E que essa Vitória esteja creditada aos que estão cansados de promessas vãs. Ou então, senhor governador, o espaço da placa “aluga-se” já estará lhe aguardando, para a última batida do martelo. Já que falta cimento e boa vontade, pelo menos “pregos” o senhor deve ter de sobra ao seu redor.
Não há luzes acesas, nem aplausos. No LUTO, a LUTA. LUTO pelo Centro. Respeitem o nosso LUTO.
3 Respostas para “Opinião: Adeus, Centro de Cultura”
Carlos Vieira Caue
Pelo amor de Deus, aquilo e o coração da arte, e a pulsação da alegria, e o prazer da vida, e a gloria dos artistas, e os aplausos da satisfação, e o choro, e a riso, e a vida e Bonita,e Bonita, não pare, não corra, não moooorrrraaaaaa!!!!!!!!! socorroooooo, vamos povo pra frente!!!!!!!!! eu sou testemunho quantas vezes, quantas apresentações, quantas lindas, lindas, e lindas, eu sei que nasci pra sofrer, mais não vim pra perder, vamos todos unidos pra frente chega de agonia!!!!!!!!!!!!!!!!!! de volta ao encanto já!!!!!!!!!
JOSENILTOM
O MAIS INTERESSANTE É QUE A GRANDE MAIORIA DA CLASSE ARTÍSTICA DA CIDADE,NA ÚLTIMA ELEIÇÃO, APOIOU OS POLÍTICOS QUE SÃO OS RESPONSÁVEIS POR ESSE DESCASO,COLOCANDO A CULPA(VEJAM SÓ) NO ENGENHEIRO QUE FISCALIZOU E SOLICITOU A SUA INTERDIÇÃO.RESPEITEM O NOSSO LUTO!!
MARCÍSIO BAHIA
O Nosso Centro de Cultura já nasceu morto, apesar de ter sido, por décadas, minha casa e de muitos, milhares de artistas e apreciadores. Fizeram um calabouço onde seria palco e plateia. O palco ninguém sabe a que estilo segue. As saídas de emergência são armadilhas. Inauguraram o convalescente com as ripas e as pontas de ferro da construção. . O teatro nem cadeira tinha, vide governo João Durval Carneiro. Então, parabenizo o texto do meu amigo e colega Celino, porém a certeza da morte e falência daquele espaço já fora escrita em sua inauguração.