Paulo Pires
Na última eleição para prefeito de Vitória da Conquista, uma discussão ganhou vulto na campanha: Transporte Coletivo. Por se tratar de tema presente no cotidiano das pessoas, claro que ganhou intensa reverberação popular e se avolumou em dimensões merecidas. O candidato que se opunha ao prefeito Guilherme Menezes disse, em diversas ocasiões, que tinha um Projeto para implantação de um VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) e que, em sua visão, esse Projeto seria a solução para os problemas de Mobilidade Urbana de Vitória da Conquista. No debate o Prefeito fez ver a ele que o Projeto era bom, mas inviável sob os mais diversos aspectos, entre os quais o Operacional e o Econômico-Financeiro. Leia a crônica Academia do Papo.
Primeiro, é importante e conveniente frisar que o problema de Mobilidade Urbana não se atém apenas a esse aspecto. Transporte Coletivo é parte integrante dessa grande discussão. Segundo, o problema não se restringe ao modus vivendi local; atualmente é discussão mundial e se trata de uma questão que aflige todas cidades de médio porte em nosso País e no resto do Planeta. Estudos recentes comprovaram, por exemplo, que no Centro de Londres os carros percorrem a faixa central da City a uma velocidade menor que as carroças e charretes faziam no final do século XIX. Vejam que ironia…
Em 1930, o filósofo espanhol, José Ortega & Gasset, advertiu em sua obra A Revolução das Massas que as cidades não estavam preparadas para o fluxo de automóveis e que a Mobilidade Urbana seria ou estaria altamente comprometida ao final do século XX em quase todo o Planeta. Acertou em cheio. Como o mundo parece não ter ouvidos para os filósofos (isso é antigo, vem desde os tempos em que Suetônio alertou um imperador romano para o fato de a Terra se exaurir), só agora é que as sociedades estão sentindo na pele o problema da Mobilidade Urbana.
Mas, e o VLT? Ora, o VLT é um importantíssimo meio de transporte que adequadamente implantado, passa a fazer parte das soluções que podem ser aplicadas a questão dos Movimentos de Massas Urbanas em cidades de médio porte para cima, em condições orçamentárias reais para implantá-lo. Ressalte-se que quando utilizamos a expressão “adequadamente implantado” o fazemos na pressuposição de que sejam atendidas todas as condições, entre as quais uma que consideramos imprescindível, e que se justifica pelo binômio CUSTO X BENEFÍCIO. Eis aí um dos fatores impeditivos para se implantar em Vitória da Conquista um sistema de Veículos Leves sobre Trilhos, ainda nessa década. O Erário Público do Município não comportaria a implantação desse Sistema e qualquer tentativa de fazê-lo agora seria um malogro; um sonho que se desintegraria diante do Primeiro Movimento da Realidade.
Por causa de constatações reais como essa, onde a Responsabilidade Fiscal Orçamentária fala mais alto, o senhor Guilherme Menezes, como é habitual em suas decisões administrativas, definiu-se por soluções mais adequadas à realidade do Município de Vitória da Conquista e está concluindo o Projeto de Mobilidade Urbana por intermédio de um Plano que prevê (e vai fazer) ligações entre três regiões da Cidade, as quais permitirão conexões bastante racionalizadas entre bairros e localidades distantes, compreendendo como pontos de referência o CEMAE e a Lagoa das Bateias. Louvável é que essa interligação será feita sem onerar dolorosamente o Município, com o uso inteligente (político) dos recursos do PAC III, permitindo à Cidade e aos seus cidadãos se moverem por extensos corredores atendendo ao citado binômio (Custo X Benefício) fundamental em economia política.
Não devemos esquecer que um dos conceitos de Política é a “arte de administrar bem os recursos públicos”. Nesse sentido, sem tentar reduzir a importância da implantação futura de VLTs. e outros meios de transporte Urbano, nos parece que atualmente, o mais exequível, o mais acertado para solucionar parte dos problemas de Mobilidade Urbana de Vitória da Conquista é essa que o prefeito Guilherme Menezes adotou até o final do seu mandato em 2016, em que pesem as opiniões em contrário. Em nossa opinião, o prefeito Guilherme Menezes estava e ainda hoje seus argumentos são convincentes.
3 Respostas para “Veículo Leve sobre Trilho: Um abordagem quase política”
Cecilia Barbosa
Cidade de médio porte para cima… Quando observamos notícias sobre a nossa cidade no que diz respeito a cultura, saúde, eventos e educação Conquista é de médio porte…. Saúde referencia (rss..), trazer investimentos como a Ferrovia Oeste Leste e Centro de treinamento para Seleções da Copa do Mundo, Conquista servia era atrativa… VLT não serve pois somos pequenos! Ridículo seu comentário…
Junior
Agora que eles começam a sentir o vento das eleições se aproximando, aí tudo fica moderno, vai ter VLT, as praças serão renovadas, novos hospitais, o asfalto será refeito, o verde será mais verde….
Um dia depois da eleição, some todo mundo, os carros de som, fecham os escritórios políticos, e o povo é esquecido de novo.
Antonio
Esqueçam o VLT! A questão da mobilidade em Conquista é muito maior do que essa coisa de se discutir se Conquista suporta ou não o VLT. Porque não se falam em outras formas de se melhorar a mobilidade na cidade? Um sistema de transporte coletivo integrado de fato (porque este que a prefeitura diz ser é um tremendo engodo), onde você possa pegar até 1000 ônibus diferentes, de linhas diferentes em um espaço de tempo e só pagará uma passagem (como ocorre na maioria das cidades onde o sistema é realmente integrado), pois em Conquista pra se integrar uma passagem você tem que jogar no bicho, literalmente, pra saber se as linhas combinam; um sistema de BRT (que seria uma alternativa bem mais concreta do que o VLT, devido à estrutura da cidade que não foi planejada) ou algum outro serviço que possa ser complementar ao ônibus (como as vans, que a PMVC também não da espaço, e que de forma organizada poderiam sim ser muito úteis). Enquanto isso, o povo sofre com esse sistema triste de ônibus, que beneficia muito mais as empresas do que os usuários.