Jorge Maia
Era uma vez uma moça chamada Mary Ann da Silva Porciúncula. Ela era filha única de um casal de comerciantes na cidade de Beócia. Criada com muito amor e carinho, teve educação das mais refinadas. Estudou em bons colégios da sua cidade e graduou-se em medicina. Não satisfeita com a sua sede em conhecimento, fez mestrado e doutorado em universidades europeias. Leia mais sobre a Beócia.
Mary Ann destacou-se em sua área de atuação, clínica geral, tornou-se referência e era procurada pelos colegas que desejavam ouvir a sua opinião sobre certos casos mais complexos. Ela realizou conferências em todo país e em muitas vezes foi convidada para seminários em todo o mundo.
Uma manhã de outono, quando saía mais cedo do trabalho, pediu ao seu motorista para estacionar o seu carro próximo a uma pequena ponte existente na orla. Resolvera caminhar um pouco para espairecer, pois tivera uma jornada cansativa.
Ela olhava o mar com encantamento, ria suavemente com a beleza das ondas, curtia o vento soprando os seus cabelos e deslizava com os seus passos vagarosos, mais largos, quando, desviando o olhar para baixo da ponte, observou um homem com trajes de mendigo: roupas remendadas, sapatos e chapéu rotos, barba por fazer.
Os seus olhares se cruzaram, foi como se raios surgissem de uma explosão e atingissem a ambos. Petrificados, só após alguns instantes é que acordaram daquela letargia romântica e eles correram um ao encontro do outro, abraçaram-se e beijaram-se demoradamente e perguntaram ao mesmo tempo: por onde você andava? Por que não nos conhecíamos antes: ela respondeu: vivi estudando nas melhores universidades. Viajei por todo o mundo realizando pesquisas e palestras na área médica.
Ele olhou-a tranquilamente e disse: meu nome é Zeca e sempre vivi aqui debaixo deste pontilhão. Aqui vejo todas as noites as estrelas e quando tem lua ela ilumina a minha morada. Vivo dos biscates que faço e daquilo que me dão.
Trocaram juras de amor e Mary Ann passou a viver com Zeca, abandonando tudo que antes possuía. Foram felizes até que o filhos ficaram maiores, eram quatros filhos. Dois fizeram medicina e eram a grande tristeza do pai, que se sentia traído, os outros dois optaram por ser mendigos e eram os preferidos, afinal seguiram a profissão dos pais. A felicidade tem seus mistérios. Assim é a Beócia.VC310115