Bancos: Nova onda tecnológica

Foto: Blog do Anderson
Foto: Blog do Anderson

Eduardo Moraes

Na década de 80 os bancos brasileiros deram início ao processo de inovação tecnológica, disponibilizando as salas de autoatendimento dentro e fora das agências. Enquanto os bancos ampliavam os investimentos em tecnologia da informação, terceirização, novas formas de gerenciamento e organização do trabalho, o movimento sindical bancário em seus conclaves se limitava às palavras de ordem “não à automação e terceirização”. Assim, a categoria sofreu uma drástica redução, consequência dessa modernização, fusão, incorporação… Leia na íntegra a opinião de Eduardo Moraes.

Nesse novo século no Brasil, com a eleição do presidente Lula, mantendo os bancos do Brasil, Nordeste e Caixa Econômica Federal públicos, ampliando suas redes, especialmente com a inauguração de novas agências e a realização de concursos. Esses bancos cumprem importante papel enquanto indutores do desenvolvimento nacional, investindo na economia, através de financiamento a indústria, comércio, agricultura. Programas de habitação, saneamento, regulação do mercado financeiro, através da redução dos juros, empréstimo consignado e do crédito direto ao consumidor, estimulando um surto consumista que aquece a economia e contribui para a ampliação do emprego bancário nesses bancos, o mesmo não aconteceu nos bancos privados. Paralelo a esse movimento, o sistema financeiro nacional investe bilhões em TI de forma planejada, vislumbrando grande oportunidade com a inclusão digital no país.

Hoje, o banco de bolso através do uso do smartphone, a terceirização e a precarização do trabalho presente nos correspondentes bancários são uma realidade, (Resolução 3954 editada pelo Banco Central – no dia 24 de fevereiro de 2011). De acordo com o levantamento recente, o brasileiro gasta por dia 5 horas e 26 minutos na internet via computador ou tablet e mais outras 3 horas e 46 minutos conectado pelo celular. Ou seja, no Brasil, as pessoas permanecem online 9 horas e 13 minutos por dia, o que coloca o País como a terceira nação mais conectada do mundo. Conectados com esse cenário, os bancos brasileiros aceleram a entrada dos usuários dos serviços bancários nesse quinto ou sexto ciclo de mudanças na relação com seus clientes. Hoje, tudo ou quase tudo dos serviços bancários, antes segregados às agências, pode ser feito pelo cliente através do acesso a um computador ou outro dispositivo móvel.

Estudos apontam que as transações bancárias no Brasil superam a casa dos 40 bilhões anuais e o investimento do setor financeiro em tecnologia encontra-se ao redor de R$ 20 bilhões por ano, de acordo os dados da Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN). Ainda segundo a entidade, no ano passado, foram realizadas 17 bilhões de transações bancárias com movimentação financeira. Conforme divulgado pelo estudo, o perfil do internauta nacional comprova a tendência favorável à internet móvel, já que 23% da população já acessa as mídias sociais e assiste a vídeos pelo celular. Além disso, 18% resolve suas questões bancárias usando internet banking. De acordo com a pesquisa, atualmente 20% dos pagáveis no Brasil têm origem via celular, enquanto que 77% ainda são oriundos dos computadores de mesa.

Diante desse cenário, é preciso que os trabalhadores do sistema financeiro e suas entidades representativas, se quiserem sobreviver, passem a escrever uma nova agenda na luta sindical em defesa do emprego decente e se antecipem aos acontecimentos. Frente a este novo cenário anunciado, paira sobre os trabalhadores e trabalhadoras bancárias o fantasma do desemprego: com a possiblidade da realização de todas as operações bancárias realizadas pelos clientes bancários a partir das plataformas de TI, fixa ou móvel, descartando a necessidade de ida às agências – que tendem a operar em uma nova concepção; de lojas minúsculas com selecionada clientela de alta renda, atendida por uma reduzidíssima equipe de funcionários.

Eduardo Moraes

Especialista em Gestão Pública


3 Respostas para “Bancos: Nova onda tecnológica”

  1. Hudson Golino

    O texto inteiro se baseia em uma falácia, e pior do que isso, em uma contradição argumentativa. Como o próprio autor apontou, houve aumento no quadro de pessoal e no número de agências CONCOMITANTEMENTE ao aumento de soluções de TI proporcionadas pelos bancos. Mesmo nos países desenvolvidos, em que as estruturas de TI são muito mais bem implementadas, e com tecnologias de ponta, não há redução significativa no quadro de pessoal. O que os funcionários tem que se atentar é que, mesmo com o aumento do quadro de pessoal e do número de agências, e ainda com a implementação das soluções para dispositivos móveis, os correntistas dos bancos públicos continuam sendo tratados da pior forma possível. Longas e intermináveis filas, serviço de má qualidade. Que tal colocar isso na agenda de luta da classe, prezado colega?

  2. José maria caires

    Eduardo é uma das figuras estudiosas desta terra, tenho dúvidas na afirmação de Hudson, quando não percebe a drástica redução de pessoal. “Os bancos ocupavam no Brasil 800.000 pessoas nos anos 80. Hoje, o setor é maior e emprega menos da metade” exame 4 fevereiro 2015 página 21.
    Não só os bancos públicos atendem mal, ambos estão cada vez mais empurrando os clientes para os pontos alternativos e priorizando os endinheirados, aliás sempre foi assim, mas atualmente escancarou.

  3. Hudson Golino

    José Maria, você está correto. Me enganei quando afirmei que não houve redução de pessoal.

    No entanto, a minha argumentação se referia ao tempo de implementação de soluções de TI mais recentes, especialmente o banco online funcional e sua versão para smartphones. Ademais, o próprio Eduardo afirmou que houve aumento no número de pessoal na gestão do PT, nos últimos anos.

    Eu compreendo que o problema com o atendimento de péssima qualidade (devido às longas filas e excesso de demanda) não é culpa exclusiva do corpo de funcionários.

    Mas sem dúvida é culpa do corpo de dirigentes.

    Anualmente vemos a divulgação dos lucros astronômicos dos bancos, e, no entanto, o tratamento dado àqueles que permitem que esse lucro ocorra (ou seja, os clientes), continuam sendo tratados da pior forma possível.

    Por isso, lamento a ausência de entusiasmo com a melhoria dos serviços prestados, no texto do referido autor.

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