Anita, a profetiza

 

Foto: Blog do Anderson
Foto: Blog do Anderson

Jorge Maia

Nenhum profeta é ouvido em sua própria terra. Os profetas estão escassos. Não é comum vê-los ou ouvi-los. Antigamente, assustavam-nos com as suas barbas e cabelos longos e brancos. Seus berros se faziam ouvir ao longe, pregando o fim do mundo e exigindo arrependimento das pessoas para que estão pudessem se salvar. Os tempos mudaram, trocaram os profetas pelo consultores econômicos e passamos o tempo querendo saber profecias sobre o dólar, a inflação, o futuro do oriente médio e quem vai ganhar a eleição. Leia na íntegra mais uma crônica de Jorge Maia.

Os tempos são outros e os profetas mudaram a indumentária e a linguagem, afinal, ninguém dá credibilidade a alguém despenteado, cabeludo com voz de taquara rachada, pregando o fim do mundo, mesmo porque já não mais se acredita mais no fim do mundo, ou quem sabe, já não mais nos importamos com o fim do mundo. Vivemos uma verdadeira gandaia e fazemos piada de tudo.

O mundo quer brincar, “whatzapar” e com isso não presta atenção aos sinais que pululam entre nós. Não temos sabido fazer a leitura de tantos sinais, só mesmo os iniciados poder perceber de modo mais fácil as mensagens cifradas emitidas pelos profetas da atualidade.

Não tenho facilidades de ver tais sinais, só depois de muito tempo foi que percebi os acontecimentos e comecei a relaciona-los com as profecias divulgadas sob a forma de “música”. A voz não era de um idoso. Não sei porque sempre associamos o profeta a alguém idoso, como se alguém jovem, bonita e elegante não pudesse profetizar, parece-me um preconceito, ou quem sabe um estigma; só velhos cabeludos e barbudos podem ser profetas.

Os sinais? Sete a um da Alemanha, protestos de junho de 2013, o mensalão, a questão da Petrobras, os depósitos na Suíça, a crise da água em são Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, seguro desemprego e pensões. Enfim todos esses fatos e tantos outros “desastres” foram anunciados pelo rádio e pela televisão, mas nós ríamos, não soubemos entender a mensagem, martelada diariamente em nossas cabeças.

Mas, ela, Anita, avisou todo o tempo: prepare. Nós não demos ouvidos, porém era o sinal. A voz profética cantou seguidamente: prepare. Não tivemos capacidade para decifrar e não preparamos. Precisamos prestar mais atenção aos sinais. VC280215


2 Respostas para “Anita, a profetiza”

  1. JANIO ARAPIRANGA

    KKKKKK, prepaqre, prepare….
    Abraço professor….

  2. anônimo

    Tive a oportunidade de ouvir um trecho dessa crônica bem-humorada do prof. Jorge Maia em sala de aula, não sei o qual das duas experiências foi mais prazerosa. Excelente professor, excelente escritor e, ainda, de um humor refinado, tão refinado que tive vontade ler as outras crônicas acompanhado de um chá nas xícaras de porcelana da minha vó, que só usamos nos batizados e casamentos da família.

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