Um milagre chamado Banco do Povo

Foto: Blog do Anderson
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Eduardo Moraes

Em um momento em que segmentos oportunistas da nossa sociedade e os principais veículos de comunicação empresariais, tentam descaracterizar a política como o caminho possível da sociedade construir as transformações necessárias, fortalecendo a democracia.  Vitória da Conquista é exemplo claro que é através do controle social, da participação popular e da boa prática política, que é possível elevar a qualidade de vida de um povo. Leia o artigo de Eduardo Moraes.

A Instituição Comunitária de Crédito Conquista Solidária – O Banco do Povo está completando 15 anos de vitoriosa existência. Nasceu para servir as classes sociais mais necessitadas de crédito em nossa cidade e Região. Foi da sensibilidade e visão de futuro do prefeito Guilherme Menezes que a Prefeitura criou o Banco do Povo, entregando sua gestão à sociedade civil organizada. Hoje já atende nove municípios da Região Sudoeste. Já são mais de R$ 54.000.000,00 emprestados. Só em 2014 emprestou mais de R$ 8.000.000,00 milhões, atuando em um mercado completamente desigual, onde operam grandes corporações publicas; Caixa Econômica Federal, BNB/Crediamigo, Banco do Brasil e privados como o Santander e Itaú.

É um milagre!

O microcrédito produtivo e orientado consiste na concessão de empréstimos de baixo valor a pequenos empreendedores informais, microempreendedores individuais e microempresas marginalizadas pelo sistema financeiro tradicional, principalmente por necessitar de baixos valores e não terem como oferecer garantias reais. É um crédito destinado à produção (capital de giro e investimento) e é concedido com o uso de metodologia específica.

Desse modo, o microcrédito produtivo e orientado representa uma alternativa ao modelo capitalista das grandes corporações de crédito público e privado na concessão de crédito para pessoas que estão fora do mercado formal e não têm o acesso ao crédito tradicional, por não possuírem os requisitos exigidos pelos bancos.

As primeiras iniciativas de disponibilização de microcrédito que se tem notícia ocorreram na Alemanha em 1846, em Quebec no Canada no ano de 1900, nos Estados Unidos em 1953, além de muitas outras experiências espalhadas pelo mundo, incluindo o Brasil. A primeira experiência de microcrédito para o setor informal urbano se deu mais especificamente em Recife e Salvador.

Em 1973, por iniciativa e com assistência técnica da Accion International, na época conhecida como AITEC e com a participação de entidades empresariais e bancos de Pernambuco e da Bahia, foi criada a União Nordestina de Assistência a Pequenas Organizações, que ficou conhecida como Programa UNO. A UNO era uma associação civil, sem fins lucrativos, que nasceu especializada em crédito e capacitação. Trabalhava com crédito individual e com a garantia de um “aval moral”. O Fundo de Crédito inicial foi montado com recursos doados por PACT, uma associação de ONGs estadunidenses.

Mas é a iniciativa de Muhammad Yunus na década de 1970, em Bangladesh, de fazer empréstimos aos pequenos produtores para a compra de matéria prima que prosperou e o fez provar que os pobres são merecedores de crédito, no sentido de confiança e recursos financeiros e que pagam seus pequenos empréstimos. Essa nova filosofia representou um grande avanço e fez com que o microcrédito se tornasse exemplo para vários países. Demonstrando que com crédito é possível erradicar a pobreza.

Na verdade, o que estamos fazendo com a concessão de credito para os pequenos empreendedores, é investimento no ser humano, fortalecendo a cultura da coletividade, solidariedade de classe, autonomia e na melhoria da qualidade de vida das pessoas.

Eduardo Moraes

Conselheiro Fiscal do Banco do Povo


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