Jeremias Macário
Está ficando cada vez mais difícil para o próprio PT, as centrais sindicais, o MST, a UNE e outros movimentos ditos de esquerda defenderem o governo de dona Dilma com as constantes trapalhadas, tornando-se refém do Congresso Nacional que não está nem aí para a opinião pública, engrossando cada vez mais o caldo das mordomias. Leia na íntegra a opinião Jeremias Macário.
Como se não bastasse o tira e volta do Pepe Vargas, a presidente nomeia Michel Temer para cuidar da área política (raposa no galinheiro), dando a ele o status de primeiro ministro. Era tudo que o PMDB, um partido fisiologista e vezeiro nas negociatas, queria para mandar no poder. Com o parlamentarismo branco, estão dizendo por aí que Dilma é a rainha da Inglaterra, governa, mas não manda.
As últimas manifestações miraram na corrupção, mas deixaram de lado o Congresso Nacional que legisla de costas para o povo, aprovando projetos nocivos para as classes trabalhadores, como a terceirização, quando o poder executivo praticamente se calou. Do outro lado, o ministro da Fazenda comanda o ajuste fiscal e os cortes de benefícios trabalhistas e previdenciários.
Na Câmara, cada deputado fala para sua plateia. O evangélico para o evangélico, o sindicalista para o sindicalista, o ruralista para o ruralista, o médico para o médico, o advogado para o advogado e assim por diante. Gostaria de saber quem fala em nome da dona Maria e do seu José?
Falta diretriz política cultural nas manifestações. Pessoas desconectadas da realidade empunham bandeiras do impeachment e até da intervenção militar. No embalo das CPIs dos ratos que mais querem ver o circo pegar fogo, a extrema-direita vai ocupando espaços tenebrosos. Lembrei dos versos do cantor Cazuza de que “está piscina está cheia de ratos”.
É uma grande maldade levar os bichinhos domesticados e mansos para visitar uns colegas malvados que estão deixando o Brasil em trapos de tanto roerem as vestes da nação. Os pequenos animais ficaram traumatizados para sempre.
A crise não é somente econômica e política. Além dos seus 39 ministérios, gostaria de saber por que o governo brasileiro sempre discorda de pesquisas feitas por organismo internacionais quando os dados não são favoráveis ao país? É o atestado de incompetência e falta de transparência.
Mais uma vez, o Brasil foi o único entre 164 países a discordar dos estudos da Unesco de que nosso país só cumpriu duas das seis metas previstas para a educação. Ainda temos 13 milhões de analfabetos, sem contar os funcionais que passaram pelas escolas, mas não sabem interpretar um simples texto. Na América Latina, Cuba ainda tem a melhor educação.
Não dá para entender e engolir um país sem educação, mas que tem um Congresso que vive na luxúria, aumentando mais e mais suas verbas de gabinete, sem contar outros penduricalhos. As assembleias e as câmaras municipais seguem a mesma trilha. Assim fica difícil!
3 Respostas para “Assim fica difícil!”
Maria
Parabéns Jeremias pelo excelente texto. Fez como poucos sabem fazer, a interpretação do caos ao qual estamos submetidos
Fernando Garcia
Esse é um país do faz de conta, onde num dia a presidente fala uma coisa no outro dia já não não vale. Melhor dizendo, no almoço está tudo certo, mas na sobremesa desdiz o que diz. Quanto ao Congresso Nacional, não temos mais adjetivos para aquele antro de corrupção legalizado pelos próprios congressistas, que só defendem interesses próprios ou de grupelhos.
Cesar Roberto
Finalmente uma opinião clara, equilibrada e sábia em se tratando desse momento delicado que passa a democracia brasileira. Pena que as multidões insanas não dão atenção e não valorizam opiniões racionais e imparciais, agem, na maioria da vezes, passionalmente e se permitem levar por qualquer vento rebeldia sem causa e saem pelas ruas empunhado bandeiras de uma disputa inconsequente pelo poder.