Jorge Maia
Eu saia da adolescência, e não faz muito tempo, e um dia fui ao Baneb a pedido do meu pai pagar um título, hoje tudo é boleto, poucos sabem o que é uma duplicata. O caixa p’ra aquele pagamento ficava na parte inferior, no subsolo. A fila estava enorme, como sempre, e era comum alguém permanecer na fila por até três horas. Naquele tempo não havia fila preferencial, ou qualquer tipo de controle para atender pessoas em situação diferenciada. Leia na íntegra mais uma crônia de Jorge Maia.
Aquele era um dia especial, pois sendo o último da fila, quem estava na minha frente era o nosso Cajayba. Sim o nosso escultor, já com os cabelos sinalizando algodão, igualmente a barba. Fiquei contente, pois tinha próximo a mim uma figura rara, a quem sempre admirei. Um artista que dava todo o seu tempo para a arte, às vezes em sacrifício do seu bem estar pessoal.
O nosso escultor estava impaciente. Tanto tempo em pé, aguardando a sua vez. Era uma perda de tempo. perdia-se a manhã ou a tarde para fazer o saque de uma pequena quantia, ou fazer um depósito. Muito irritante. Cajayba estava assim: irritado. Começou a resmungar, falando que o pais era atrasado, que tudo era devagar, sempre falando das filas a que tinha de enfrentar.
Eu ouvia com atenção e com muito respeito, afinal era um artista da terra promovendo o seu protesto. Em certo momento começou a comparar o Brasil a outros países então chamados de primeiro mundo. Encerou o seu protesto, sempre dirigindo-se a mim, pois lhe prestava atenção, dizendo: deveríamos entregar o Brasil para o Canadá ou para o Japão, eles administrariam bem melhor.
Hoje, compreendo melhor o sentimento de Cajayba e percebo que sob certos aspectos nada mudou, apesar da “mudança de algumas estações” o poder continua o mesmo, não houve as mudanças substanciais tão esperadas.
Será que Cajayba tinha razão? Será que ele foi profético? Não deveríamos terceirizar o País? Talvez sim, mas de forma a respeitar setorialmente. Por exemplo: a educação entregaríamos à Finlândia; a segurança a Israel, a economia para a Alemanha, o Executivo para o Japão. O mais difícil seria o Legislativo, mas penso que poderíamos confiá-lo, com reservas, à Noruega.
Não sei se daria resultado, mas a nossa tradição em administração e poder político estão bem desgastados. Bem, acho que não precisamos terceirizar o povo, este sim grande herói da resistência, pois não é fácil suportar a tantos escândalos desde abril de 1500. – 260415-
Uma Resposta para “Terceirização total”
Suene Katia Perry
Ola,Jorge Maia!
Espero que estejas bem.Eu sou Suene,Brasileira,Bahiana,Conquistense,cidada americana,cidada do mundo.Bem lembrado: Cajaiba,Baneb,duplicatas,enfim quantas mudancas desde entao,e em outros aspectos parece que nada mudou.
Saudades dos tempos de Cajayba,quando a escola nos pedia para entrevista-lo a falar da sua arte.
Parabens!
Grande abraco,
Suene