LUTO: Zé Mineiro, aos 90 anos

Foto: Acervo familiar
Foto: Acervo familiar

Vítima de complicações de saúde, veio a óbito na manhã desta segunda-feira (8), no Hospital São Vicente de Paula, aos 90 anos de idade, José Paulo de Souza, o Zé Mineiro. Zé Mineiro era pai do professor da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), Belarmino Jesus Souza; do corretor de imóveis, Raulício Veloso; da professora Rita Veloso; da funcionária pública, Yone Souza. O corpo será velado na Capelinha do São Vicente com sepultamento previsto para a manhã desta terça-feira (9). Confira um pouco da vida de Zé Mineiro narrada por seu filho, Belarmino Souza.

Nascido em Salinas – norte de Minas Gerais – em 12 de agosto de 1924, numa família de camponeses muito católicos, em 1938 aos quatorze anos foi encaminhado por sua mãe, dona Maria Cecília Fonseca de Souza, para o seminário de Montes Claros, na esperança que a vida eclesiástica disciplinasse o seu rebento peralta. Desprovido de vocação sacerdotal fugiu do centro de estudos para seminaristas e de carona no caminhão do caixeiro viajante Asdrúbal Brandão chegou a Conquista no dia 14 de junho de 1938.

Passou a residir na cidade foi abrigado em casas de amigos com os quais criou laços: dona Paula – lavadeira dos caixeiros viajantes – João Ferreira… Trabalhou em diferentes atividades para sobreviver, dentre elas a condição de aprendiz de mecânico permitiu estar próximo dos automóveis, sua paixão e reveladores da vocação: ser chofer, antes, porém trabalhou na construção da rodovia Rio – Bahia nos anos 40. Em 27 de abril de 1948 conquistou a sua habilitação, enfim tornou-se um profissional do volante.

Trabalhou no Departamento Nacional de Estradas e Rodagens, conduziu caminhões particulares e ônibus das empresas de transporte coletivo que ligavam Vitória da Conquista a Salvador e a Itapetinga.

No início dos anos 60 ingressou na Rodoviária Estrela do Norte  onde guiou diferentes tipos de veículos, com maior freqüência as carretas Scania com 18 rodas, sendo um dos pioneiros na ligação entre São Paulo e cidades do Nordeste com tais veículos de carga.

Em 1964 participou do concurso “O Rei da Estrada” – evento patrocinado pela GM do Brasil, Casa Plínio e Gazeta Esportiva – foi eleito por seus pares com mais de 206.000 votos oriundos de diferentes regiões do país, em especial daqueles que labutavam ao longo do Rio – Bahia. Recebeu dentre outros prêmios uma medalha de ouro, um troféu, um diploma e um caminhão Chevrolet zero quilômetro, com carroceria em madeira nobre e com o nome Zé Mineiro gravado de fábrica.

Posteriormente trocou o Chevrolet movido à gasolina por um Mercedes-benz à diesel. Impossibilitado pelo alto custo de manutenção e os baixos valores pagos nos fretes, abandonou no início dos anos 70 a condição de motorista autônomo e voltou a exercer a atividade de motorista assalariado em empresas de ônibus. A princípio na Vera Cruz na linha São Paulo / Vitória da Conquista, posteriormente trabalhou na linha Vitória da Conquista / Salvador nas empresas Penha e Camurugipe, onde se aposentou no ano de 1986 aos 62 anos e 38 anos de profissão, sem nunca ter-se envolvido em acidentes e reconhecido com o melhor em seu ofício.

Aos 84 anos relembra com orgulho o percurso de desbravador desde a construção da Rio – Bahia nos anos 40, ao longo transitar nas décadas de 50 a 80 e comemorou em 2008 60 anos de profissão e 70 anos de Vitória da Conquista.


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