Jeremias Macário
A “reforma política” proposta pelo reacionário Congresso Nacional, comandado por Eduardo Cunha, não passa de mais um deboche com o povo brasileiro. É abusar demais da nossa paciência. Essa espuma tóxica que eles estão nos metendo goela abaixo é uma maquiagem, ou uma tremenda sacanagem? São as duas coisas juntas. É veneno puro! Essa reforma, cujo relator Rodrigo Maia, do DEM, representa um partido da elite direitista conservadora, pode ser comparada a uma cirurgia plástica feita por um charlatão com silicone falsificado da China ou do Paraguai. Logo mais esse produto vai estourar e infeccionar o organismo, levando o paciente para a UTI da morte. Aliás, esse corpo já está ferido e doente. Leia na íntegra.
Como palestinos na Faixa de Gaza, o povo brasileiro está encurralado diante de um executivo enfraquecido e um Congresso retrógrado que agora está dando uma de bonzinho ao aprovar projetos populistas como lobo em pele de cordeiro. Para disfarçar, de um lado faz um “agrado social” relaxando o ajuste, e do outro vai empurrando o país para o retrocesso.
O Eduardo Cunha e mais 13 deputados gastaram quase 400 mil reais em passeios por Israel e Rússia. No vácuo da rejeição estrondosa do governo e nas mazelas do seu partido, especialmente da corrupção da Petrobras (Operação Lava Jato), o Congresso vai emplacando projetos na base do grito num esquema que cheira com o nazi-fascismo.
A mídia não faz uma reflexão mais apurada do que vem acontecendo em surdina, tudo de caso pensado. Pelo texto da maquiada reforma, a empresa que tem um contrato de execução de obra com o governo de um estado não pode “doar”, ou melhor, emprestar ao governo daquele estado, mas é permitido fazer a safadeza aos candidatos nos municípios do estado, de outros estados e do governo federal.
Tudo é feito para alimentar as tabelas e repasses das propinas entre empresas e partidos. Uma empreiteira do Rio de Janeiro financia um governo da Bahia e a outra deste estado faz o caminho inverso, de olho numa futura obra naquela localidade. Na verdade, isso é o equivalente a seis por meia dúzia. Tudo continua como Dantes…
Essa proibição está restrita somente às obras. Qualquer prestador de serviços ou fornecedor pode. Ah! foi combinado entre a ratazana o teto de 20 milhões de reais para cada empresa “doar”, como se isso fosse pouca coisa. Para eles que recebem polpudas verbas e ainda roubam, essa quantia é uma merreca.
O cara de pau do relator ainda nos diz que o objetivo é dar uma resposta ao que está acontecendo no Brasil em relação à “Lava Jato”. Para enganar os bestas, um doce na duração das campanhas, passando de 90 para 45 dias. A propaganda eleitoral em rádio e televisão cai de 45 para 35 dias. É muito cinismo! Será que somos 200 milhões de otários e burros?
Outra falsa reforma é quanto ao limite de gastos nas campanhas para deputados. Pelo aprovado, o teto de gastos nessas campanhas será de até 65% do valor da campanha mais cara para deputado federal em todo Brasil. Para os demais cargos, estabeleceu-se o limite de 70% da campanha mais dispendiosa da última eleição, com correção pela inflação nos pleitos seguintes.
A coisa já é feita bem truncada e escorregadia para dar brechas às maracutaias desavergonhadas e manter tudo no mesmo lugar de sempre. Há muito tempo que esses caras não querem diálogo com a sociedade. Aí, toda eleição pregam a mesma baboseira de que o voto é a arma para mudar a pilantragem.
Todos acreditam e repetem o mesmo clichê como meros papagaios de piratas. Você pode escolher entre maquiagem ou sacanagem. Não importa o termo porque o sabor fedorento da refeição com prazo de validade vencida é o mesmo. É uma salmonela, com certeza. Até quando vamos continuar a comer essa gororoba nojenta?