Luiz Jordans Ramalho Alves está longe de ser cientista. Sua formação é administrativa. Mas foi na tentativa de reduzir o descarte da produção que o apicultor de Vitória da Conquista, na Bahia, descobriu no mel de abelha uma nova fonte de etanol, em uma pesquisa inédita no Brasil. A ideia era usar as sobras da empresa para produzir álcool alimentício: licores, extrato de própolis e cachaça. “Minha preocupação sempre foi a sustentabilidade. Por isso, tentei encontrar um uso para o mel descartado, que armazenei por alguns anos em tonéis. No início, a ideia era fazer cachaça. Achei que era possível, porque todo produto com açúcar, se fermentado e destilado, pode se transformar em cachaça. Eu tinha de descobrir como transformar o mel em líquido”, conta Ramalho, dono da Apis Jordans, que desde 1991 produz dez toneladas de mel por mês. Segundo ele, 1% da produção mensal, ou cerca de cem quilos, é jogada fora. E era preciso não só aumentar a qualidade como encontrar formas de minimizar o desperdício. Curioso, Ramalho contratou uma consultoria e, em 2012, conseguiu R$ 185 mil para pesquisar o tema junto à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb). O trabalho terminou em 2014, com a conclusão de que 70% das sobras de mel poderiam virar álcool alimentício. Os outros 30% ainda seriam descartados. Mas o apicultor não desistiu. “Continuei as pesquisas sozinho, porque meu objetivo era conseguir a sustentabilidade da produção total do mel, aproveitando todo o seu descarte”, comentou.Ele, então, chegou ao combustível. O etanol do mel de abelha tem cerca de 80% de álcool, contra um teor entre 92,5% e 94,7% daquele vendido nos postos. Ramalho passou a fazer testes no próprio carro. “O desempenho do carro diminui um pouco, mas dá para andar tranquilo. A produção de combustível de mel está em torno de 50 litros por semana”, observou. O desafio agora é encontrar um novo financiamento para ampliar a pesquisa. E patentear a descoberta, embora o apicultor não acredite numa produção em larga escala. Informações do O GLOBO.
Uma Resposta para “O GLOBO: Ele queria cachaça… e achou etanol no mel”
jose carlos pereira de amorim
eu gostei do mel eu posso ouza no meu carro