Jorge Maia
A trilogia popular sobre paz, saúde e amor, constitui-se em valor dos mais desejados, se é que podemos atribuir a estes estados a condição de valor. Deixemos para os filósofos a discussão sobre a denominação que entenderem. Não dúvida que atingir a plenitude de vivenciar estes estados ao mesmo tempo só é permitindo aos escolhidos pelo sagrado, ou por algum privilégio da natureza. Leia na íntegra.
Saúde, sem paz e sem amor, não deve ser uma vida alegre; Paz, sem saúde e sem amor deve ser algo meio sem graça; amor, sem saúde e sem paz, seria uma vida sem meio insossa. Então, o grande ideal seria obter os três estados. Mas é preciso que seja nesta ordem: saúde paz e amor. Vejam que a trilogia popular fez uma gradação, colocando em ordem preferencial cada um destes estados. Assim, em primeiro lugar a saúde, a paz e por último o amor. Naturalmente, há pessoas que preferem alterar esta ordem, o que varia de gosto pessoal.
Estes valores, ou como estou a tratá-los: estados, ainda que pertençam à velha guarda, ainda são perseguidos, em especial quando perdemos um deles, quando é a saúde, busca-se a cura, quando a paz, sair do conflito e se for o amor, esquecer o mais rápido possível e às vezes com a promessa de nunca mais outro amor. Mas tudo passa e tudo recomeça, pois é o ciclo natural das nossas buscas.
Em nosso mundo, onde tudo foi monetarizado, estes estados passaram a ser valores no mundo negocial. O capitalismo e a sociedade de consumo conseguiram transformar em dinheiro aquilo que a existência e a vida social nos possibilitaram conquistar pela simples condição de ser humano. Não é fácil transitar neste terreno em busca de um dos três estados, o custo emocional e de outras moedas são doloridos.
A saúde tornou-se mercantilizada, sofre mais aquele que não pode pagar um plano de saúde, pois a saúde pública em todo o mundo é um desastre, até parece um plano estabelecido para dizimar o pobre.
A paz está um desastre. Não crível o que temos diante de nós, todos os dias, quando refugiados morrem afogados em alto mar, procurando a paz, outros fogem por terra e não encontram amparo. Países fecham suas fronteiras e a ONU se sente incapaz de apresentar solução para problema. Em outros lugares as balas perdidas da policia e dos traficantes matam inocentes. Onde está a paz?
Por último, o amor, tão decantado em prosa e verso, sobrevive nos versos dos poetas, mas também mercantilizado segue às mudanças dos tempos e faz valer a frase de Nelson Rodrigues: “O dinheiro compra tudo, Até o amor verdadeiro. 160815