A Moça que se sentou no colo de seu Zezinho

Foto: BLOG DO ANDERSON
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Jorge Maia

Eu era menino, e não faz muito tempo, quando um dia, atravessando uma das ruas próximo a Av. Otávio Santos, ia eu caminhando distraído como sempre era meu jeito de menino sonhador, fui interpelado por uma moça, uma pessoa adulta, que gritando o meu nome, dirigiu-se a mim e disse, em tom agressivo: oh seu ” muleque”! Que dia foi que você me viu sentada no colo de seu Zezinho? Leia na íntegra mais uma crônica do professor Jorge Maia.

Tímido, não entendendo o que estava acontecendo, já sentindo um pouco de medo, pois não estava acostumado a ouvir aquele tom de voz, respondi que não sabia o que era aquilo, até mesmo porque eu não tinha noção do que representava uma mulher senta-se no colo de um homem. Insisti que eu não sabia do que ela falava e que em momento algum eu falei aquilo.

Fui xingado e humilhado por algo que eu não fiz, mas passei de interrogado a interrogador, querendo saber quem era o autor daquela afirmação, aquilo era mentira, eu não dissera tal coisa e nem tinha vista aquela jovem sentada no colo de quem quer que fosse.

A minha acusadora insistiu em minha culpa, porém começou a fraquejar diante da minha inocência de criança e sem mais assunto, terminou confessando quem era o autor daquela conversa. Fiquei perplexo e respondi que não era possível, eu jamais teria dito aquele fuxico.

Restou-me procurar a pessoa indicada e pedir explicação para o fato. Imagine a resposta: eu sei que você não falou, mas eu não tinha como acusar a outra pessoa que foi testemunha do acontecido, eu não podia trair a confiança de quem viu e me contou o fato. Disse mais; ao contar para a moça que ela fora vista sentada no colo de seu Zezinho, disse logo que tinha sido você.

Fiquei em silêncio e chorei um pouco, não me preocupei em esclarecer a situação para a moça sentadeira. Até hoje permanece o silêncio sobre a situação. Claro que o tempo fez com que todos esquecessem aquela história, apenas eu a recordo e a torno pública. Sem mencionar nomes e sem mágoas, estas o tempo apagou.

A lição ficou para sempre. Zezinho, que chamávamos de seu Zezinho, talvez não tenha sabido disso, e eu aprendi que não devemos alardear por aí a vida de quem senta no colo dos outros, seja lá quem for. Quem quiser que sente onde melhor lhe aprouver.050915


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