Jorge Maia
Beócia, 30 de Fevereiro de um ano qualquer
Querido Jorge Maia, posso chamá-lo de querido? Bom, já o chamei. Estou escrevendo para cobrar a sua visita a nossa Beócia, este país lindo e esquisito que os filósofos, os cientistas políticos e os sociólogos tentam explicar, mas não conseguem. Às vezes penso que você tem razão, só Kardec poderá explicar estas contradições e certas insanidades que por aqui vivenciamos. Leia na íntegra.
Tenho acompanhado pelos jornais e noticiários em geral a crise que vocês estão enfrentado aí no Brasil. Isso sim, que é país. Compreendo que há um certo desânimo e que cada político procura se isentar da crise atribuindo responsabilidades aos outros , como se cada um não tivesse uma parcela de culpa. Eles precisam fazer um ” mea culpa” perante o grande público. Seria interessante que todos os políticos, de todos os partidos pedissem perdão pelos roubos e desatinos cometidos contra essa gente boa do Brasil.
A situação de vocês me faz relembrar duas cenas fantásticas de dois filme que assisti há muito tempo. Um deles é “Pulp Fiction” de Tarantino. Aquela cena no bar em que o personagem de de John Travolta, percebendo o clima de insinuação do personagem de Uma Thurman, ouve: ” um silêncio incômodo” como se algo pudesse acontecer, ou que esperava acontecer, mas não acontece, prevaleceu o equilíbrio e o bem senso, talvez pelo medo.
A outra cena magnífica do ponto de vista cinematográfico é aquele silêncio do filme ” O americano tranquilo”. Conseguiram gravar o silêncio, ele era tão profundo que era esperado o acontecimento de algo muito intenso. Foi o que aconteceu. A explosão de uma bomba no centro de Saigon foi chocante, e havia a presença do sexto sentido, todos sabiam que aconteceria o rompimento do silêncio de forma abrupta, mas ninguém sabia o que esperar.
A crise vai passar, vocês sabem disso. Não tenham medo de certo silêncio que está no ar. Nada vai acontecer que possa desestabilizar o país. Vocês já sofreram muito e não creio que certos setores venham tomar medidas mais radicais. Para ser sincera, acho que as coisas estão melhorando para vocês, pois eu soube que Chinbinha, depois que separou de Joelma, vai voltar aos palcos e que a seleção ganhou dos Estados Unidos. Estes são sinais positivos de que tudo pode voltar à normalidade.
Querido Jorge Maia, devo parar por aqui. Não posso continuar falando sobre a política de outros países, penso que isso pode me comprometer e dificultar a obtenção de vista para a Noruega, onde pretendo encontrar alguém muito querido e não posso perder esta oportunidade.
Um abraço de Maria Periguete . Destas doces terras da Beócia130915
2 Respostas para “Uma opinião de Maria Periguete”
Jorge Maia
Maria Periguete, ao traduzir a sua carta do Beoces para o Português escrevi Chimbinha com ” n” antes de “b” , desculpe – me.
Rodrigo Alves Dourado
Que bela carta! Espero que Beócia também esteja tudo bem, assim como nós, tudo tranquilo, tão calmo, que o silêncio impera…