Jorge Maia
Todos os dias, ao acordarmos, enfrentamos o nosso apocalipse. A vida, apesar de bela, tornou-se complexa e as dificuldades são ampliadas pelas transformações sociais e tecnológicas que deixam pelo caminho milhões de pessoas que não conseguem adaptar-se ao novo e não mais encontram o antigo para re-encantar-se. Desde às primeiras notícias dos telejornais, até ao anoitecer, somos bombardeados por tantas notícias catastróficas que chega a ser surpreendente chegar em casa depois de um dia de trabalho. Produzimos pouco, nos cansamos muito. O estresse circula livremente por nossos ambientes. Não são poucos os que se rendem, dão-se por vencidos. Leia na íntegra.
O apocalipse é diário. Tanta fome, misérias de todos os tipos. Doentes sem hospitais, famintos sem comida, insônia por tantas prestações, quando não são os excesso de decibéis que não nos deixam dormir. A considerar o que ouvimos e vemos no rádio e na televisão dá nos a impressão de pouco resta a fazer.
Todos os dias o apocalipse se faz presente em nossa vida e são tantas as formas com que ele se apresenta que nem percebemos que seja mais uma das suas manifestações. Não ser ouvido, não poder fazer a feira, sem remédio e sem leito hospitalar, sem transporte digno. A violência de todos os matizes assolam a vida da humanidade, sem contar a corrupção que brota tão espontaneamente em nosso solo. É o apocalipse do dia a dia.
Não consigo imaginar um final apoteótico. Mil trombetas no céu, “Deus deslizando em nuvens de mil megatons” e a humanidade desesperada, correndo atônita, sem direção, gritando meu Deus! Meu Deus! O apocalipse é todo dia, na casa do pobre, na pele dos que sofrem preconceitos das mais variadas origens e nas demais misérias que assolam a vida.
Os refugiados vivem o seu apocalipse entre chutes, tapas, spray de pimenta, mas sobre tudo preconceito. Os Estados, governados por pobres diabos que se acham políticos, não sabem o que fazer. Homens do século dezoito governando o século vinte e um.
Nós em nossa perplexidade podemos soltar o nosso grito e dizer: Meu Deus! Em tais momentos, Deus em sua infinita misericórdia, também perplexo pela falta de aprendizado da humanidade, não podendo clamar por um Deus, que é ele mesmo, deve exclamar: Eu! O que é isto? 200915