Gustavo Magalhães: Purpurinas

Foto: BLOG DO ANDERSON
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Gustavo Magalhães

Nunca fui bom em matemática, para calcular volume ou em física, para questões de espaço. Talvez seja essa a razão do ocorrido que passo a dividir com vocês. Advogando pra uma grande empresa, precisava passar uma semana em Feira de Santana, e me hospedaram num hotel de lá, já bem decadente, porém de quartos enormes. Certamente para agradar o doutor, me jogam numa suíte presidencial (será que algum presidente se hospedaria naquilo?), enorme, duas televisões, salas, cozinha… um luxo velho. Leia a crônica na íntegra.

Carpetes no quarto, ar condicionado barulhento, e uma banheira no box, com cortina de plástico. Que maravilha, pois com a lua que faz naquela cidade durante o dia, nada mais aprazível do que um belo banho de banheira relaxante.

Abro as torneiras, que funcionaram perfeitamente, na falta dos sais de banho taco os shampoos da pia, e vamo que vamo, meio “orca volta ao mar”, sabe? Corpulentão, branco, peladão, no meu momento único de merecido descanso. Ai que vem a tal falta de apego as matérias do tempo do colégio Vitória, lá em Ilhéus. Conça e Garrido, professores de matemática e física me desculpem, mas naquele momento não pensei duas vezes, em que pese a relação peso do cidadão e quantidade de agua na banheira não me favorecessem muito. Aliado a isso, shampoo de qualidade duvidosa, a química perfeita, pra deixar o corpanzil ensaboado totalmente (nisso eu era bom, Cosme como professor e hoje um dos melhores advogados de júri da região sul da Bahia). Se joga doutor! Espetáculo digno daqueles que vemos na TV do Sea Word, me arremesso no duplo mortal carpado, e vejo, antes de começar a me afogar o volume de água que subiu, a onda se formando em direção a fora da banheira, num volume maior do que o da Barragem de Anagé, e ainda quando tentava, me debatendo, segurar nas bordas daquele inferno ensebado, vi quando o banheiro foi inundado, o quarto acarpetado foi atingido, e eu ainda tentava emergir, me segurando com as pernas e braços arreganhados, naquela luta insana.

Eis a calmaria. Ufa! Estou vivo!

Não posso dizer o mesmo da família de ácaros do carpete encharcado. Mas qual num filme de terror, olho pra prateleira acima da banheira, ligado na tomada de energia, o meu celular Startac (um parecido com um camundongo), que se movimentava de forma a preparar um salto olímpico para dentro do recipiente, e me deu o pânico novamente em imaginar que ao mergulhar, aquele aparelho me daria um choque de 220 wolts, e eu poderia virar torresmo e ser servido a noite para os hospedes. Como um gato, obeso, pulo nas minhas ultimas forças e me salvo. Só ai noto que a banheira estava só o brilho. Observo então que eu estou pelado epurpurinado, com pedacinhos da tinta que se soltou da pintura mal feita. Moral da história (como tem gente que fala, e até hoje esperamos a conclusão), pior seria a matéria no Blog o Anderson: “advogado de Conquista é encontrado morto na banheira, pelado, num hotel de segunda, cheio de purpurina!”


Uma Resposta para “Gustavo Magalhães: Purpurinas”

  1. Valdez aguiar

    A sensação de estar em um filme de terror sentir quando por diversas vezes tive que me hospedar por lá…..O que houve ali????……Cada vez mais me apaixono por minha conquista….

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