Jorge Maia
Por diversas vezes ouvi a afirmação de que o mundo é das mulheres. Havia um programa no rádio e coluna de jornal com o título: O mundo é das mulheres. Ali eram tradados diversos assuntos do interesse feminino. Rainha do lar, dona da casa. Tudo sempre foi direcionado neste sentido. Não me parece que é o reconhecimento do valor da mulher em razão do seu papel social, mas sobre tudo da sua condição humana.
Afirmar que o mundo é da mulher é de algum modo reconhecer que ela sempre consegue driblar as dificuldades por sua condição de mãe, namorada, mulher e por conta dos atributos naturais, porém é uma forma de amenizar o seu verdadeiro poder, transportando-o para um campo menos político, limitado ao universo do campo doméstico.
Não podemos ignorar que a mulher é mais transformadora e mais revolucionária que o homem. Rompe preconceitos e dita novos hábitos. è mais corajosa que o homem. A prova é que Eva foi quem tomou a iniciativa de quebrar a monotonia do paraíso. Se dependesse de Adão o mundo ainda seria o mesmo e não haveria progresso
O homem é carente e não tem a vontade transformadora da mulher. Podemos imaginar a seguinte cena: o sol se põe no horizonte, iluminando com os seus últimos raios um recanto especial do Éden. Pássaros retornam para os ninhos e soltam as suas últimas notas pelo ar. Adão e Eva repousam às margens de riacho que murmura uma canção de ninar. Adão dirigi-se para Eva, fita-a nos olhos e demonstrando insegurança pergunta: Eva, você me ama? Eva medita um pouco, olha para Adão com olhar de piedade e diz: “por acaso, eu tenho outra opção, idiota”?
Sem a iniciativa transformadora da mulher, é provável que ainda estivéssemos na idade da pedra. A pergunta não está respondida. Afinal, o mundo é da mulher? Não creio que a reposta seja simples e nem tão exata quanto um teorema. Em verdade a pergunta pode ser outra, de quem é o mundo?
Talvez o mundo pertença a um por cento da população que possui mais de cinquenta por cento da riqueza mundial. É possível que dentre aqueles hajam algumas mulheres. Talvez o mundo pertença aos que são livres e que veem beleza nas coisas simples da vida. 251015