Edmilson Santana | Artista Plástico | [email protected]
Até parece que os mortos brasileiros não vão para o céu, por vivermos mais um inferno – não sendo a lava de um vul-cão… Parece que os mortos franceses cheiram perfume raro e os mortos brasileiros tomaram banho de água suja. Parece que a nossa bandeira não consegue mesmo ser fincada na lama. Então, transformamo-la em um tapete e vestimos as cores de outros países com uma “sensibilidade” a meio pau… Parece que ainda estamos verdes, meio amarelados, de vez... Leia na íntegra.
Parece que o vermelho francês é mais maduro! E o nosso azul não pode refletir o mar, a não ser o de lama. Que dilama: “Uma França não só para os franceses” e um Brasil para quem possa se interessar, se sobrar tempo no noticiário. Importamos tudo! Até isso! Mortes estrangeiras… Nada contra elas! Muito pelo contrário! Pelo amor de Deus, entendam! Não fomos nós que fizemos aquilo! Nem seremos nós capazes de fechar as “comportas” das nossas lágrimas, diante de tamanha tristeza. Pelo amor de Deus, entendam! É porque nossas perdas estão, também, fazendo muita falta e, sobretudo, muito estrago! Não necessitamos que se pendure nosso pavilhão no mastro de outra nação. Precisamos, sim, deixar nossas estrelas, mais alvas, enxaguadas, longe de tanta “sujeira”, domesticamente falando… Afinal, bandeira suja, também, se lava em casa. Parece que não se pode “exportar” os gritos dos nossos mortos por pouco “importar” o “volume” deles. Parece que os valores não são os mesmos:
“Liberdade” (de imprensa) para não divulgar; Tudo bem, não é obrigado…
“Igualdade” para dores não tão diferentes…
“Fraternidade” para irmãos de pais separados, mães separadas, filhos separados, tios separados, sobrinhos separados, avós separados, netos separados, vizinhos separados, amigos separados pelo rio que se alarga entre eles; pela ponte soterrada, pelo sangue poluído que corre nas veias, artérias e crateras… Um “trem, de ferro, bala”, que sai matando e vai descendo pelo ralo… E nós, que sempre metemos as mãos, sem luvas, na privada dos outros, parece que não temos a mesma “natureza” para conter ou levantar a nossa tampa. Cobrimos cada narina para a nossa fedentina particular, pessoal – tão pública quanto privada. Andamos de salto alto para não atolar nessa superfície; fingindo pisar firme; de nariz empinado para não afogar nessa merda nacional!
“Solidariedade” é para todos!
“Justiça antes que tardia”…
2 Respostas para “Edmilson Santana: Homem bomba explode barragem!”
fabiano silva
Texto perfeito, a mais pura realidade do nosso país que dar prioridade as tragédias lá fora e não se importa com o que acontece aqui em nosso país.
Ceará baiano
Parabéns pelo bom texto.TÓ CONTIGO TAMBÉM!