Jorge Maia | Advogado | [email protected]
Eu era menino, e não faz muito tempo, quando em uma bela manhã de outono eu subia a Alameda Ramiro Santos, acompanhado do meu pai, e ao chegar à parte superior da rua paramos por um momento para apreciar a costumeira paisagem. Era domingo. Na esquina do Banco econômico, um prédio imponente, muito bonito, hoje uma loja de eletrodoméstico, funcionava um dos mais importantes órgãos políticos da cidade, era o senadinho. Leia na íntegra.
Naquele local, os idosos e amigos antigos faziam um ponto de encontro em que o destino da nação e do mundo era decidido, sem esquecer os assuntos tratados sobre a vida das pessoas da cidade. Fonte de novidades e boatos, o senadinho já não tem a força e o poder de antigamente. Que pena! Nesta época de tanta efervescência política.
Meu pai apontou discretamente para um senhor que, embora fazendo parte do grupo, encontrava-se meio afastado, como se a sua presença não fosse notada. Explicou-me que aquele homem era aposentado da Coletoria Federal, aquilo que hoje chamamos de Receita Federal, e que a presença dele era ignorada de propósito, assim falou meu pai.
Aquele homem não atendia bem às pessoas a quem o procurava em sua repartição, palavra antiga, e ao se aposentar, na sua solidão buscou guarida no meio das pessoas que se reuniam na praça para bater papo, mas a cidade, ainda pequena, o não perdoou.
Aproveitou o momento para ensinar-me que temos a obrigação de tratar bem às pessoas, a conservar os amigos, e cumprimentar a todos, para evitar conseqüências iguais àquelas sofrida por aquele homem. Desprezado.
Ainda hoje somos maltratados em órgãos públicos, servidores indiferentes, e às vezes nem respondem ao que perguntamos, parecem que nem são pagos para trabalhar. São aqueles amargurados, ou vaidosos que certamente morrerão sozinhos, não conseguem ser gentis, depois passam a lamentar a vida.
A maior parte do nosso destino é escolhida por nós. Na Odisséia, Homero relata, em uma assembléia dos deuses no Olimpo, Zeus disse: ”Ah!, de que maneira os mortais censuram os deuses! A dar-lhes ouvidos, de nós provêm todos os males, quando afinal, por sua insensatez, e contra vontade do destino, são eles os autores de suas desgraças. Sim, as nossas escolhas compõem a maior parte dos nossos destinos. 061215
Uma Resposta para “Jorge Maia: A culpa não é dos deuses”
Thiago Galdino
Professor Jorge Maia. Lendo suas lembranças recordo eu do “senadinho” meu querido Pai tinha um comercio na rua onde acontecia esse bate papo e sempre estava no salao barbosa que era na parte superior da lanchonete da esquin, apesar de eu ainda ser muito moço salvo me engano tambem funcionava uma escola de datilografia, e de cima observava onde por anos pode ter passado decisões politicas e sociais. Lembro também que algumas pessoas chamavam o “senadinho” ppr outro nome onde questionavam a virilidade dos individuos que ali socializavam.
Boa lembrança de tempos que não voltam mais.