Jeremias Macário: Uma ponte para o passado

Foto: BLOG DO ANDERSON
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Jeremias Macário | Jornalista | [email protected]

A partir desta semana o país (poderes legislativo, judiciário e executivo) entra em recesso e só retornar a se movimentar em março. Os oportunistas, com seus altos salários e bonificações, se recolhem às suas mansões para os regados festejos de final de ano, férias remuneradas e o carnaval em fevereiro, um mês sempre perdido. Os assalariados continuam dando duro neste mar de caos político e econômico para manter a corte dos czares, dos reis e rainhas. Leia na íntegra.

 O parlamento planaltino mais parece uma tribo indígena de canibais, enquanto os partidos se refastelam e engordam como porcos comendo propinas. Até o impeachment da presidente não sair da mesa do debochado presidente da Câmara dos Deputados, as centrais sindicais, o MST e os estudantes da UNE ficavam calados quanto ao afastamento do Eduardo Cunha. Agora, esbanjam cartazes de Fora Cunha!

  Com o bicho pegando após a prisão de um senador, o presidente do Senado, Renan Calheiros, se comporta como bom moço e até dá umas cutucadas de canivete no vice-presidente da República, Michel Temer que, através do seu PMDB, apresentou o projeto “Uma Ponte para o Futuro”, cujo teor está mais para Uma Ponte para o Passado, de cor neoliberal ainda mais aberrante, com corte mais profundo dos benefícios trabalhistas e programas sociais.

  Na verdade, não temos mais a quem confiar, nem nos berros das bandeiras vindas das ruas dos verdes-amarelos, nem dos vermelhos. Nosso país está retornando a um passado tenebroso, inclusive com aprovações de decretos e projetos retrógrados. Pelo poder, os xingamentos e a intolerância imperam de todos os lados. O povo está sendo obrigado a passar por este corredor polonês. Isto é tortura!

  O Brasil está sendo vítima de uma operação de guerra arrasada. Todo território está minado. Todos eles, detentores do poder, deveriam renunciar aos seus cargos e às suas funções, para que possamos retirar esses escombros com segurança e limpar o terreno. O Eduardo Cunha continua soltando suas bombas, a presidente Dilma tropeça nas palavras e o vice com sua carta de lamúrias quer uma ponte para o passado. Engana que é do futuro.

   Na concepção do ex-presidente Lula, que diz ter um exército para soltar nas ruas, a Operação Lava Jato não passa de uma piada de mau gosto, como também foi dito com referência ao mensalão. O judiciário dita o seu rito e se recolhe aos seus palácios. Os súditos caem no circo e se contentam com a fuzarca do axé music, do pagode, do arrocha e do samba no asfalto. De seus camarotes luxuosos, eles acham tudo engraçado e riem de nossas caras lambuzadas, sem vergonha.

   Quanto a mim, sinto nojo de toda esta lavagem de esquerda, de centro e de direita composta de ingredientes indigestos de corrupções, oportunismos, fisiologismos e incoerências. Não me alinho a nenhum deles. Todos fora! Assim deveria marchar o povo nas ruas como forma de indignação. A partir de agora só vou tratar de assuntos das áreas de cultura, literatura e escrever sobre histórias de carochinhas. Basta de tanta afronta!


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