Nilton Junior: o afastamento de Dilma não é a solução, mas é necessário para que o Brasil possa superar a crise

A disputa política em Brasília tem provocado estragos incalculáveis aos brasileiros, com uma reviravolta na economia. Em recente entrevista ao BLOG DO ANDERSON, o professor Zenildo Soares de Souza Júnior, popularmente conhecido como Nilton Junior, disse que o “o Brasil está vivendo um momento de dores de parto de uma realidade da qual ele não poderia ficar dormindo por mais tempo”. Para o sociólogo especialista em ciências políticas, “o afastamento da presidente Dilma não é a solução, mas é necessário para que o Brasil possa superar esse momento de crise principalmente econômica”. “Porque a Dilma já está num momento de esvaziamento da sua credibilidade pessoal tão grande que acredito que se ela viesse diante da população e trouxesse um leque de medidas altamente eficiente para sair da crise, ela não teria respaldo e liderança necessária para isto. Nessa altura não é nem o impeachment em si, preferia que a solução fosse até outra, na verdade o que está faltando a ela é a grandeza que um estadista tem que ter para conduzir um país tão complexo como o Brasil e num momento tão difícil como estamos vivendo hoje”, afirmou Nilton Junior. Confira a entrevista na íntegra.

BLOG DO ANDERSON: Tivemos uma palestra esses dias sobre política, como você observa a política nacional hoje?

NILTON JUNIOR: O Brasil está vivendo um momento de dores de parto de uma realidade da qual ele não poderia ficar dormindo por mais tempo. Na verdade, o que fizemos com a Constituição Federal de 1988 foi lançar as bases para construção do sistema político democrático e de uma nação moderna e desenvolvida, só que de lá para cá muitas dessas noções fundamentais meio que se perderam.  Isso ocorreu principalmente do ponto de vista das relações político-institucionais, e claro que em algum momento isso daria uma crise dolorosa que é o que vem acontecendo agora. Acho que de alguma maneira no final desse túnel virá uma luz que espero que seja para melhor. Baseado na ideia que a população está se conscientizado de que é ela que tem que assumir as rédeas do processo político. Um grande político disse uma vez a seguinte frase: “a política é coisa muito séria para ficar nas mãos dos políticos”, e a população brasileira tá mais do que na hora de entender isso.

BLOG DO ANDERSON: Você acha que o impeachment seria a solução?

NILTON JUNIOR: Eu acho que o afastamento da presidente Dilma não é a solução, mas, é necessário para que o Brasil possa superar esse momento de crise principalmente econômica que estamos vivendo. Porque a Dilma já está num momento de esvaziamento da sua credibilidade pessoal tão grande que acredito que se ela viesse diante da população e trouxesse um leque de medidas altamente eficiente para sair da crise, ela não teria respaldo e liderança necessária para isto. Nessa altura não é nem o impeachment em si, preferia que a solução fosse até outra, na verdade o que está faltando a ela é a grandeza que um estadista tem que ter para conduzir um país tão complexo como o Brasil e num momento tão difícil como estamos vivendo hoje.

BLOG DO ANDERSON:  Temos também Aécio Neves, segundo colocado nas eleições presidenciais, que também apresenta problemas.

NILTON JUNIOR: Em tese o Aécio, assim como outros membros do alto escalão da política brasileira tem virtudes e defeitos. Eu acho que o caso não está vinculado aos nomes, mas sim, a credibilidade perante a sociedade brasileira. E nesse ponto é o grande calcanhar de Aquiles da presidente nesse momento, ela está desmoralizada do ponto de vista da sua liderança pessoal e isso faz com que todas as soluções que possam vir a ser implementadas se tornem muito mais difíceis, por conta dessa falta de liderança e carisma pessoal que ela realmente não tem.

BLOG DO ANDERSON: Como você visualiza o PT que está há 20 anos no poder em Vitória da Conquista?

NILTON JUNIOR: O PT em Conquista vive a crise da substituição, o atual prefeito Guilherme Menezes, é a figura de proa aqui da cidade há muito tempo só que internamente no partido não tem aquela liderança inconteste que ele próprio desejaria ter e que facilitaria neste momento no processo sucessório. De modo que lideranças alternativas rivalizam com ele, o que é perfeitamente natural levando em conta o longo período que ele exerceu como prefeito.  O cenário de Conquista vai mais uma vez refletir a realidade de uma cidade nova com eleição de dois turnos, apesar disso muita gente pensa o processo político local como se tivéssemos apenas um turno na eleição, quando na verdade não é assim. Nós já tivemos uma eleição de dois turnos que foi a última e teremos de novo, isso determina muito o andamento dos processos políticos. Estou prevendo que poderemos ter uma penca de candidatos a prefeito, mas o desenho em geral vai se encaminhar em função do que o segundo turno indicar.