Jorge Maia: Só dez minutos

Foto: BLOG DO ANDERSON
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Jorge Maia | Advogado | [email protected]

No inicio da década de noventa, quando meus filhos eram crianças, o mundo já apresentava os sinais da popularização da internet e de outras tecnologias e equipamentos, alguns já desapareceram. Era o videocassete com as fitas de VHS, era o ICQ da internet, que ao receber a mensagem solta um “piu” incomodante. E Jorginho, meia noite, entrava na rede e abafava o som inicial da internet com dois travesseiros para que eu, ou Eridan não descobríssemos que ele estava on line naquele horário. Leia na íntegra.

Percebi que a nova tecnologia esta desviando a atenção das crianças, impedindo-as de dar mais valor à leitura de certos livros, filmes ou de reportagens que eu recomendava, pois sempre tive a mania de sugerir leituras, filmes, ou reportagens compatíveis com a idade deles. Confesso que era uma covardia das novas tecnologias, sempre será difícil enfrentá-las com os métodos tradicionais.

Aceite o desafio. Estudei o território e estabeleci a estratégia. O campo era minado e o adversário sutil, agradável e inteligente, enfim um osso duro de roer e que exigia cuidados para vencê-lo, mas, mesmo nos momentos de derrota, eu não queria perder a vítima, queria conservá-la com a possibilidade de recuperá-la do seu hipinotismo.

Comecei a estudar cada personagem dos desenhos por eles preferidos e a tirar partido da cada situação. As tartarugas Ninjas, grupo formado por Leonardo, Donatello, Raphael e Michelangelo, todos, artistas italianos, foram objeto dos meus cometários. Sem contar que aproveitava para comentar, primariamente, sobre a trilha sonora de alguns desenhos, quando envolvia músicas que era do nosso conhecimento. Confesso que deu certo despertar daquela forma a curiosidade das crianças.

A batalha era maior quando eu pedia para as crianças lerem certo conteúdo, ou assistir a certos filmes. Precisei estabelecer uma nova forma de luta. Era uma operação de guerra.

Eu não podia competir com as preferências que a televisão e as novas tecnologias estabeleciam. Não fugi à luta, e um dia, em pleno final de tarde, o sol já no poente e os pardais acomodando-se na árvore do nosso jardim, deflagrei um ataque maciço: Fiz a proposta de que deveriam assistir àquele filme por somente dez minutos, depois estavam livres para brincar. Batalha vencida, aí de mim se desligasse o vídeo depois dos dez minutos. 271215


Uma Resposta para “Jorge Maia: Só dez minutos”

  1. Jorginho

    Funcionava mesmo! Quer dizer, funciona até hj!

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