Jeremias Macário | Jornalista | [email protected]
O pobre coitado recebe uma ajuda do programa Bolsa Família, em torno de 160 a 200 reais por mês e se sente satisfeito com esta merreca, não sabendo ele que se ficar doente pode morrer na porta de um hospital. A saúde no Brasil está em coma há muitos anos e é de cortar o coração ver este povo sofrido derramando suas últimas lágrimas na frente de unidades fechadas ou em corredores imundos, clamando por um socorro que não chega. Leia na íntegra.
Todos os dias, as emissoras de televisão e a mídia em geral passam cenas de dor, choros e gemidos de gentes em estado deplorável à beira da morte. Poderíamos comparar com o inferno dantesco, campos de concentração, câmaras de torturas, mas nem assim estas expressões da nossa língua estariam à altura para qualificar o total desprezo contra o ser humano. É um genocídio escancarado onde os brasileiros têm seus dias reduzidos de vida por falta de medicamentos e um tratamento digno.
É muito cômodo ser governista quando se tem um bom salário, um cargo garantido para toda sua família, uma boa aposentadoria, um plano de saúde garantido e vive-se numa casa ou apartamento burguês protegido por vários itens de segurança. Tire tudo isto dele; dê um salário mínimo por mês e depois pergunte qual sua ideologia. Ainda dizem que somos cidadãos livres e felizes.
Milhões de brasileiros estão sendo condenados a morrer antes do seu tempo por falta de um tratamento para combater seu mal. Aqui mesmo em Vitória da Conquista, o CAAV – Centro de Atenção e Apoio à Vida está há dias sem medicamentos para os portadores da Hepatite B. Ao invés de apoiar a vida, o Centro está é alimentando a morte. Que ironia! Ninguém em tratamento tem condições de bancar os custos dos remédios.
Há um ano, a Anvisa, órgão ligado ao Ministério da Saúde, liberou um novo tratamento, bem mais eficaz, para destruir o vírus da Hepatite C. Acontece que até hoje o Ministério não autorizou a comercialização. Dezenas ou centenas de pessoas em Conquista e região estão esperando pelo novo tratamento que tem capacidade de curar o doente em 95% dos casos contra 40 ou 50% dos medicamentos à base do interferon e da ribavirina.
Para se ter uma ideia do alívio do sofrimento, com o tratamento antigo o paciente é obrigado a tomar os remédios pesados durante um ano. No novo isso baixa para até três meses e com bem menos efeitos colaterais no organismo do indivíduo. Sofosbuvir, Simeprevir e Daclatasvir foram liberados pela Anvisa, mas isto em nada adiantou porque o Ministério da Saúde não distribuiu os medicamentos indicados nos postos de saúde especializados, como o CAAV de Vitória da Conquista.
Atordoada com tantas doenças e mortes nos hospitais, a mídia nem fala no assunto e olha que o novo tratamento beneficiaria milhões de brasileiros que têm Hepatite C, tornando mais longas suas vidas. Assim como esta doença é silenciosa, o que vemos é um silêncio sepulcral por parte do governo federal, do Ministério Público, das entidades da área e das associações médicas.
Milhares estão morrendo aos poucos por falta desses remédios, inclusive aqui em Conquista e na região. Sobre esta lamentável situação, comentei um dia com meu amigo André Cairo, do Movimento Contra a Morte Prematura que se dispôs a apoiar a causa. Desde maio do ano passado existe a promessa de que em breve o novo tratamento entraria em ação.
Agora, o que o CAAV nos diz é que não existe nenhuma previsão de quando o tratamento será colocado em prática. Ficamos no compasso da espera, enquanto os portadores vão definhando aos poucos. É revoltante! Vamos rogar a Deus? Mas Ele não se mete nas desgraças que os próprios homens fazem uns contra os outros, roubando e tapeando. Este é o verdadeiro o país que não cuida de seus filhos.