Jeremias Macário: Aproveitadores e imbecis

Foto: BLOG DO ANDERSON
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Jeremias Macário | Jornalista | [email protected]

Vivemos numa sociedade de idiotas, imbecis e de aproveitadores onde o levar vantagem em tudo se tornou máxima cultural. Engana quem pensa que a corrupção só está entre os políticos cafajestes que assaltam diariamente o erário e viram as costas para a população. Nas ruas, principalmente nas metrópoles, a astúcia dos “sabichões” e a falta de respeito para com os outros estão escancaradas nos furadores de filas, nos motoristas panacas de miolo mole que estacionam em lugares errados, cortam e costuram o trânsito e no sujeito ou sujeita que joga o lixo nos passeios e em locais inapropriados. Leia na íntegra.

 Os aproveitadores da liberdade do seu “semelhante” estão por toda parte como pragas do Egito, e a grande maioria se diz, hipocritamente, religiosa. Mesmo de forma ilícita, quando conseguem algo como tirar um documento ou se livrar de um processo na base da propina, eles sempre agradecem a Deus por estar “presente” em suas vidas. Até quando roubam, os “mocinhos” fazem orações e se acham vencedores eleitos pelo Divino.

  Nas estradas eles avançam nos acostamentos quando existem paradas de serviços da empresa concessionária (o absurdo e a violência dos pedágios). Ultrapassam em locais indevidos e jogam plásticos e cocos no asfalto. São estes que em rodas de amigos nas praias, bares e restaurantes esculhambam com os políticos ladrões e aproveitadores da ignorância e da indolência do povo brasileiro.

  Não dá muito para distinguir o imbecil do aproveitador, mas tem uma categoria que subjuga e escraviza a outra. Esta sociedade de idiotas é muito imitadora das culturas capitalistas mais desenvolvidas economicamente.

   Nisto os brasileiros são exímios seguidores (papagaios) e agem como manadas. No Brasil colônia importava-se todos os costumes e hábitos da França e da Inglaterra. A partir do século XX, os norte-americanos passaram a ditar suas imbecilidades consumistas.

  A maioria das datas comerciais inúteis e fúteis veio de lá. Os shoppings centers gaiolas mais parecem câmaras de torturas, mas todos passeiam pra lá e pra cá felizes da vida olhando vitrines e lojas com letreiros em inglês. A impressão é que se está em Londres ou Nova York. Shopping aqui virou uma maldição, enquanto lá nos Estados Unidos (criadores) o modelo de comércio fechado está em decadência.

  Agora, os ianques inventaram a comida de rua que virou uma febre com direito a diarreia, dor de barriga e outras infecções. Chegaram ao Brasil as “lanchonetes” sob rodas e lá vão todos, pais crianças e idosos contentes da vida comer nas ruas e praças. Todos fazem questão de tirar selffis lambendo e mordendo hambúrgueres e sanduiches gordurentos. Vale imitar, entrar na onda e na moda. Quem não for é antiquado.

 Nesta sociedade de imbecis, bestializados e banalizados, o cachorro é o filho amado e o filho é o cachorro abandonado. O axé, o pagode e o arrocha atraem multidões enfurecidas e ensandecidas que obedecem as ordens do “sai do chão” e os rebolados estereotipados.

  Um “escritor” que quer se aparecer na mídia diz que prefere “Safadão” a Saramago e outros escritores portugueses, “cambada de xaropes”. Ninguém quer mais saber de ler e ouvir um clássico. No verão todos lotam as academias das estéticas do corpo, enquanto o cérebro definha nas leviandades do tempo.

 Os movimentos negros gritam por empoderamento e deixam de defender os direitos igualitários para todas as etnias das classes sociais mais pobres. As religiões brigam e se matam uns aos outros. O mundo seria bem melhor se não houvesse nenhuma delas.

  No zap-zap virtual do celular das redes sociais, ou redes de peixes mortos, ninguém mais conversa e se abraça pessoalmente. Nos cafés, restaurantes e bares, os dedos clicam como se fossem pinças automáticas e as pessoas tropeçam nas ruas e cortam suas cabeças em postes. Não existe mais “o olho no olho”, só aproveitadores e imbecis.


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