Jeremias Macário: O “golpe” de Dilma

Foto: BLOG DO ANDERSON
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Jeremias Macário | Jornalista | [email protected]

Que todos eles lavem suas roupas sujas nas cadeias e não soltos por aí infernizando a vida já sofrida do nosso povo! Que todos os “partidos” tenham um mínimo de respeito para com nossas crianças, jovens e idosos que almejam um país decente para se morar! Não podemos ser tratados como molambos! Subjugaram-nos a conviver no dia-a-dia com os absurdos e às contradições. O processo de julgamento do impeachment de Dilma está sendo conduzido por um presidente da Câmara dos Deputados que está chafurdado no lamaçal da corrupção, apurada pela Operação Lava Jato. O presidente do Senado, Renan Calheiros, trama nos bastidores com a hiena 171 para abafar as investigações. Os oportunistas e os filhotes da ditadura saem da toca para pousar de éticos e defender a tão maltratada democracia. Leia na íntegra.

   Com a crise, todo dia é histórico no Brasil. Do jeito que a casa está desmoronando, ruim com Dilma, mas pior ainda com os outros conservadores, vampiros da direita e da extrema que também estão envolvidos em maracutaias e deitam esplêndidos no velho sistema das benesses. O MDB (Movimento Democrático Brasileiro) esteve na linha de frente contra a ditadura e abrigou ideias sociais renovadoras, mas depois que colocou o “P” na frente, tornou-se um partido fisiologista.

   Mamou durante anos nas tetas do poder, ou melhor, foi um dos que mais roubou o leite mirrado do povo. Conspira e salta do barco furado como rato calunga de dentes afiados. Cinicamente sai do governo falando de ética e independência para depois retornar ao banquete. O alvo do Catilina é exclusivamente o poder e não a moralização do país e tirar a população do buraco profundo que todos eles ajudaram a cavar com as roubalheiras, as mentiras e os escândalos.

  É de doer no coração ver agora o Romero Jucá, vice-presidente do PMDB, falar de combate ao “toma lá dá cá” e de que queremos um Brasil mais forte para recuperar a economia. É de doer ver o cinismo estampado na cara de roedores como Eduardo Cunha, Paulinho da Força e outros cupins prometendo defender e sustentar a cumeeira da nossa casa em ruínas.

  No momento conturbado em que até o falastrão do Lula desapeou do cavalo na hora mais errada, surge uma nova oportunidade para Dilma começar a fazer o que já deveria ter sido feito desde que assumiu o primeiro mandato. É hora de escolher seu ministério, sem o Lula, sem os cafajestes e sem os aloprados do PT que, junto com outros partidos, já se lambuzaram demais e agora empurram o povo para o abismo. Lula e o PT já fizeram muita “arte”. Pelas traquinagens, precisam ser castigados.

  Dilma não pode mais ficar falando e fazendo tudo o que seus tutores (o PT e o Lula) mandam, sem medir as consequências. Basta de tanto falar, espernear e não agir. É o Brasil que está indo para as cordas e ao nocaute com os socos desleais da oposição aproveitadora e dos governistas também com seus camaradas que criaram o “socialismo tupiniquim”.

   É uma vergonha e humilhação demais termos um presidente da Câmara (terceiro na linha sucessória da República) denunciado em falcatruas que comanda com agilidade o impeachment da presidente, enquanto coloca uma tropa de choque no Conselho de Ética para emperrar seu afastamento. O ontem renegado volta hoje sob aplausos dos mesmos carrascos e carniceiros.

  O processo de impeachment em si, dentro das regras jurídicas constitucionais, não é golpe (não estamos numa ditadura), mas, se Dilma fosse mais corajosa como alardeia, já que não tem muita coisa mesmo a perder a esta altura, daria o seu “golpe” fatal se afastando dos Neros incendiadores de Roma que se coligaram com salteadores. Fortaleceria a Operação Lava Jato, o Ministério Público e a Polícia Federal para que continuassem firmes nas apurações das corrupções, dos desvios de conduta e de todos aqueles que levaram vantagens indevidas, com a punição rigorosa de todos os culpados.

   Por sua vez, o Supremo Tribunal Federal, por obrigação moral e dever, precisa começar a julgar todos os políticos que foram chefes das quadrilhas de bandidos que saquearam a Petrobrás e todas as empresas estatais. No momento atual da história, o Lula só faz desagregar e destilar mais ódio e intolerância, abrindo mais terreno e espaço para os extremistas conservadores e oportunistas que pousam de bonzinhos salvadores da democracia.

  É hora de Dilma mostrar toda sua força e garra, que ela mesma faz questão de exibir que tem, e colocar o PT no seu devido lugar de partido e não de governo como tem sido seu comportamento há tempo. Seria o primeiro caminho para acalmar os ânimos porque, na verdade, o que a nação mais luta é pela moralização dos poderes e o fim da corrupção.


Uma Resposta para “Jeremias Macário: O “golpe” de Dilma”

  1. Junior

    Excelente texto.

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