Personalidade: Jonath Barros e seus desenhos

É ele o artista responsável pelos painéis que enfeitam as creches e escolas da Rede Municipal de Vitória da Conquista

Em Maceió, no final dos anos 50, os pais que quisessem pôr nos filhos nomes originários de outras línguas costumavam passar por alguns apertos. O mestre-de-obras Jonas Barros, inadvertidamente, levou seu menino recém-nascido ao cartório e informou que queria registrá-lo com o nome cuja grafia mais aceitável, considerando-se as variações mais comuns, seria “Jonathan”, “Johnathan”, ou, ainda, “Jhonathan”. Confira a reportagem da Secretaria de Comunicação da Prefeitura de Vitória da Conquista.

Mas o escrivão alagoano ignorou as convenções e escreveu como quis. Assim, na certidão ficou registrado o nascimento de “Jonath” da Silva Barros. O empecilho, no entanto, jamais impediu que os familiares, amigos e conhecidos de Jonath – e eles são muitos – o chamassem com a mesma pronúncia que teria seu nome original: algo como “Jônata”. É por esse nome que ele atende até hoje, 56 anos depois, e vivendo em Vitória da Conquista desde os quatro.

E é também assim que todos o conhecem na Secretaria Municipal de Educação, onde está há um ano, desde que foi convocado pela Prefeitura após aprovação no mais recente concurso público. Jonath trabalha como pintor e hoje e especializado em ilustrações com temáticas lúdicas. É sua responsabilidade pintar painéis e letreiros nas creches e escolas que compõem a Rede Municipal de Vitória da Conquista.

“Quando a gente faz o que gosta, vale a pena”, diz. Mas ele não é o único a apreciar o resultado de suas habilidades artísticas. “O pessoal gosta muito do meu trabalho”, relata.

‘Dom’ – Tem sido assim, apesar de sua ainda curta carreira no Serviço Público Municipal. Mas a perícia com que Jonath maneja pincéis e tintas já vem de muito tempo. Ele diz que trabalha com pintura desde que tinha oito anos. Ao longo do tempo, foi-se especializando na confecção de letreiros, placas, painéis e trabalhos com serigrafia. Muitas pessoas com quem ele trabalha hoje, na Administração Municipal, já o conheciam dos tempos em que ele era um profissional autônomo.

Como profissional de pintura, ele já tem 32 anos de atuação em Vitória da Conquista. É o mesmo tempo que já dura seu casamento – e isso não é, de forma alguma, mero acaso. O ano em que se casou foi também o momento em que ele, forçado pelas novas responsabilidades impostas pela vida a dois, foi levado a tomar uma decisão: à natural tendência para as artes, ele teve de acrescentar o tino comercial.

“Eu trabalho mesmo é para sobreviver e sustentar a família”, observa Jonath, tendo o cuidado de ressaltar que isso não diminuiu seu gosto pelo trabalho que faz. Diz que, com a experiência, aprendeu a conciliar o deleite pelo trabalho artístico com a necessidade de que, a partir dele, também sobrevenha a renda de que precisa. “Sempre fui fascinado por pintura. A cada vez que eu fazia uma coisa, procurava fazer melhor. Fui aperfeiçoando o dom que Deus me deu. E está dando nisso aí, que todo mundo gosta”, conta o artista.

Ritmo de trabalho – Na creche que a Prefeitura acaba de construir no bairro Vila América, está sob a responsabilidade de Jonath a confecção dos painéis solicitados pela equipe que vai trabalhar na unidade escolar. Encomendaram-lhe dez painéis com a temática do personagem “Pequeno Príncipe”: um em cada uma das cinco salas de aula, dois na entrada, um no pátio e mais dois no refeitório. Cada trabalho tem, em média, dois metros por quatro de extensão, e leva cerca de dois dias para ser concluído.

Com todos já prontos, ele passou à produção do letreiro que indicará, na parte externa, o nome da creche. Mas sua cabeça também já está voltada para a Escola Municipal Maria Leal, no povoado de Capinal. É lá que ele produzirá os próximos trabalhos que constam de sua escala de trabalho. “Continuo no mesmo ritmo de trabalho que tinha antes”, diz, referindo-se a seus tempos de autônomo.

‘Paixões’ – Hoje, Jonath é capaz de indicar o que mais o recompensa a cada trabalho concluído. “É quando eu vejo as crianças dizendo para os pais: olha lá, o personagem na parede. A alegria das crianças me mostra isso”, confidencia.

Enquanto fala, o artista retira do bolso o celular e mostra uma fotografia de seus dois netos – um garoto de dois anos e uma menina de um. Na imagem, a dupla rabisca seus lápis em duas folhas de papel, dadas pela avó, com quem Jonath é casado há mais de três décadas. O casal tem três filhos: duas são monitoras do programa municipal Escola Mais; o outro, pai das duas crianças, é cabeleireiro. “São minhas paixões”, sintetiza Jonath, sem desviar os olhos da fotografia.