Jorge Maia: Afinal, de quem é o filhote?

Foto: BLOG DO ANDERSON
Foto: BLOG DO ANDERSON

Jorge Maia | Professor e Advogado | [email protected]

Eu era menino, e não faz muito tempo, e tive a oportunidade de trabalhar com meu pai, portanto tive a oportunidade de ouvir as conversas dos seus amigos, quando era visitado em seu trabalho. Lá estava eu ouvindo e guardando na memória algumas das conversas que eu ouvia. Algumas interessantíssimas, tal qual a esta que passo a contar. Leia na íntegra.

 Na década de 50 do século vinte, na recém-criada Comarca de Santo Antônio de Jesus, cuja sede era ainda uma cidade bem menor, com seu ar provinciano e a zona urbana tinha na sua proximidade algumas fazendas e pequenos sítios. Foi em desses sítios que desenrolou os fatos aqui narrados, tendo como protagonistas dois sitiantes, uma égua, um cavalo, um potro e o Juiz de Direito da Comarca.

Um dos sitiantes era dono de uma égua, que pastando na vizinhança foi enxertada, engravidada, para quem não conhece o verbo enxertar, pelo cavalo de propriedade do outro sitiante. A questão surge a partir daí, pois ambos discutiam quem seria o dono do potro, isto é, do filhote.

O dono da égua entendia que era o dono do filhote pelo fato da sua égua trazer o filhote, pois a égua trazia o filho por 12 meses e alimentava em sua pastagem, enquanto o dono do cavalo dizia que se não fosse o seu cavalo a égua não teria o filhote, portando pertencia a ela aquela cria.

Os argumentos percorriam as mais variadas escolas filosóficas, cada um defendendo o direito de ser o proprietário daquele bem, sem que chegassem a nenhuma conclusão e decidiram procurar alguém para opinar sobre aquela matéria. Ainda estavam na porteira do sítio quando apareceu alguém a quem pediram socorro para apresentar uma solução desejada.

Naquela manhã, o Juiz da Comarca estava fazendo sua costumeira caminhada matinal nos arredores da cidade, quando interpelado por ambos os sitiantes, que pediram a sua intervenção para solução do caso.

Um deles passou a narrar os fatos, contando a seu modo, falando assim: Sr. Juiz, vamos fazer de conta que eu sou um cavalo e o sr., uma égua, eu faço um filho no Sr. de quem é o filhote? Do dono do cavalo ou do dono da égua?

O juiz olhou calmamente para os dois homens, mas demonstrando profunda irritação, respondeu: é da puta que lhe pariu. O narrador dos fatos respondeu, então não é meu e nem é seu, é de minha mãe, vou levar o filhote para ela. 150516.

 


Os comentários estão fechados.